quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A relação professor-aluno na construção do conhecimento

Michele Cristina Tomaz

Roberto de Freitas Mendonça

Simone Alves Mendes

Joana Gláucia dos Santos


RESUMO
É fundamental a interação social, pois é por meio dela que a criança ingressa no mundo das relações interpessoais. Os professores são responsáveis por promover a mediação cultural e o desenvolvimento das crianças, valendo-se dos mais variados recursos que nossa cultura pode oferecer e é por intermédio desta relação professor-aluno em sala de aula que os alunos entram em contato com a herança cultural. Vygotsky traz um conceito muito importante para a relação professor-aluno: a Zona de Desenvolvimento Proximal, que para ele o trabalho do professor é justamente situado neste espaço intermediário, como se o docente estivesse sempre partindo do que a criança já é capaz de realizar, impulsionando-a, estimulando-a a ir além de suas capacidades atuais, respeitando os seus limites, suas experiências e permitindo ultrapassar novas fronteiras a cada momento. Para isso, se torna necessário conhecer o nível de desenvolvimento da criança e seu percurso dentro desse processo. Na concepção de Piaget o professor nesta relação pedagógica deve ser criterioso para ver o momento do desenvolvimento que a criança está vivendo para posteriormente saber a atividade a ser desenvolvida. O professor se portará como um incentivador, encorajador para a iniciativa própria do educando. É preciso que o educador conheça as diversas características desse processo educativo para propor no momento oportuno a atividade coerente com cada momento do desenvolvimento infantil. O professor deve ser um elo entre a criança e o conhecimento.

Palavras-chave: Professor – Aluno – Conhecimento – Aprendizagem

A relação professor/aluno na construção do conhecimento

Este trabalho analisa a relação professor/aluno na construção do conhecimento. É imprescindível pensar a escola como um espaço onde ocorrem as mais variadas inter-relações, pois a instituição escolar ao longo dos anos já passou por várias mudanças em suas relações de convivências, seja entre escola / professor, escola / aluno, aluno / aluno e professor / aluno e essas relações mudaram com o tempo e as mudanças ficaram visíveis através das Tendências Pedagógicas, que cada tendência tem suas características próprias e definem bem as relações interpessoais no âmbito escolar.
Conhecimento definido por Melhoramentos (1997) como ideia, noção, informação, notícia, ciência, consciência da própria existência. Nesse sentido o governo, as secretarias de educação e as escolas em si desenvolvem inúmeros projetos e programas para que o conhecimento chegue até aos educadores e também educandos, mas para que essa relação ocorra é necessário ter um professor fazendo a mediação entre o que o projeto ou programa pretende desenvolver e o aluno, caso contrário à construção do conhecimento não se dá de forma consistente. Entre tantos os projetos do governo federal pode-se citar o Brasil Alfabetizado que representa um portal de entrada na cidadania, articulado diretamente com o aumento da escolarização de jovens e adultos e promovendo o acesso à educação como um direito de todos em qualquer momento da vida.
O programa enfatiza a qualidade e o maior aproveitamento dos recursos públicos investidos na educação de jovens e adultos.
Em nível de Secretaria de Educação do município de Valparaíso de Goiás pode-se citar o Projeto ABC, que prevê sondagem de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental quanto aos níveis da psicogênese para posterior abordagem e retomada nas estratégias para a construção do conhecimento.
A escola é um espaço em que projetos direcionados são desenvolvidos e em nível de escola pode-se relatar o projeto Com viver que visão a recepção dos alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, de forma dinâmica e prazerosa pelos professores e demais funcionários, onde esse primeiro contato favorece a relação entre professor, alunos e demais funcionários da escola.
Na tendência pedagógica Liberal Tradicional a relação professor aluno se dá pela extrema autoridade do professor, pois somente o professor é quem dispõe de todo o conhecimento, enquanto que o aluno tem a obrigação de receber e aceitar como sendo uma verdade pronta e que em hipótese alguma mudará.
Os alunos não se relacionam entre si, pois o professor não permite que isso ocorra, entende-se que ele não tem conhecimento prévio e que qualquer forma de comunicação entre os alunos vai atrapalhar o desenvolvimento das aulas.
A escola prepara o aluno moral e intelectualmente para atuar na sociedade, mas não trabalha de maneira a abordar o que está acontecendo na sociedade e tão pouco o que os alunos vivenciam, mostrando assim uma relação totalmente alheia à realidade verdadeira da sociedade a qual os alunos integram.
Na tendência Liberal Renovada Progressivista o professor dar oportunidade para que o aluno desenvolva-se de forma livre e espontânea, intervindo somente quando esta intervenção é para auxiliar no crescimento do aluno.
Os alunos relacionam-se, trocam ideias e conscientizam-se sobre o seu papel perante a sociedade e a escola funciona como agente mediador daquilo que eles buscam, abrindo espaço para realizarem os seus interesses sociais.
Na tendência Liberal Renovada Não-diretiva o professor mantém um clima estável com os alunos, não intervindo e nem confrontando-os, pois entende-se que qualquer forma de intervenção ameaçará e inibirá o desenvolvimento do educando. Os alunos trocam experiências entre si para a busca de seu pleno desenvolvimento e auto-realização. A escola tem relação direta com a sociedade para que os alunos tomem atitude social.
Na tendência Liberal Tecnicista o professor mantém uma relação técnica com o aluno, repassando somente o necessário para que ele busque aprender. O aluno recebe de forma passiva sem questionar. O lado pessoal e afetivo de cada um pouco importa.
A relação aluno-aluno não há, pois eles não discutem, não questionam. A relação escola sociedade é bastante acentuada, pois a escola prepara esses indivíduos para integrarem o que a sociedade está exigindo que é a mão-de-obra qualificada.
Na tendência Progressista Libertadora o professor é alguém que está bem próximo do aluno, sem despertar qualquer forma de autoridade, pois entende-se que com a postura autoritária o professor inviabilizará o seu trabalho. Portanto é necessário que o professor compreenda a realidade do povo e coloque-se no lugar deles. Os aluno interagem entre si, havendo discussão dos pontos de vistas que estes estão abordando. A relação escola sociedade é de extrema cumplicidade, pois os alunos têm a liberdade para estudarem aquilo que está enfocada no momento histórico social, para a construção de uma consciência de liberdade.
Na tendência Progressista Libertária o professor atua como conselheiro e orientador dos alunos, mesmo não fazendo parte diretamente da realidade social do aluno. O professor insere-se ao grupo e há sempre uma reflexão comum entre professor e aluno. A relação aluno-aluno ocorre de maneira autêntica, onde eles trocam ideias e interagem uns com os outros. A escola pretende transformar a sociedade a partir da conscientização dos alunos que difundirão os pensamentos de liberdade em toda a sociedade.
Na tendência Progressista Crítico-social dos Conteúdos o professor a princípio expõe ao aluno o que sabe e isso é confrontado com o conhecimento prévio do aluno em busca de novos conhecimentos. Em um segundo momento o professor adequa o saber a realidade cultural de cada comunidade, onde o aluno interage de maneira crítica e questionadora buscando sempre a verdade. A relação aluno-aluno é de troca de experiência. A relação que a escola tem com a sociedade é de suma importância, pois os conteúdos aprendidos pelos alunos é que vão garantir a ele a igualdade perante a sociedade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 99) enfatiza que:
Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar os instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão possível. Essa aprendizagem exige uma ousadia para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos caminhos, de maneira totalmente diferente da aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer relações diretas e superficiais. A aprendizagem significativa depende de uma motivação intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessidade e a vontade de aprender. Aquele que estuda apenas para passar de ano, ou para tirar notas, não terá motivos suficientes para empenhar-se em profundidade na aprendizagem. A disposição para a aprendizagem não depende exclusivamente do aluno, demanda que a prática didática garanta condições para que essa atitude se manifeste e prevaleça. Primeiramente, a expectativa que o professor tem do tipo de aprendizagem de seus alunos fica definida no contrato didático estabelecido. Se o professor espera uma atitude curiosa e investigativa, deve propor prioritariamente atividades que exijam essa postura, e não a passividade. Deve valorizar o processo e a qualidade, e não apenas a rapidez na realização. Deve esperar estratégias criativas e originais e não a mesma resposta de todos.
O que os Parâmetros Curriculares Nacionais ressaltam é a necessidade de o professor contextualizar suas aulas para que o aprendizado do aluno não ocorra de forma estanque sem significação e o aluno passe a ter interesse pelo aprendizado, uma vez que ele encontra vínculo com a sua realidade. Incita também o educador a ousar e angariar soluções aos mais diversos problemas encontrados durante o processo pedagógico, pois além de levar o aluno a resolver situações problemas, ganhará o educador outras habilidades, a de investigar, refletir sobre a prática pedagógica.
O foco maior da escola é sem dúvida o aluno e partindo desse princípio foi buscado em Vygotsky o seu pensamento a cerca da relação professor/aluno, que não deve ser uma relação de imposição, mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo no seu processo de construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel fundamental nesse processo, como um indivíduo mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar também, o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural e intelectual, para a construção da aprendizagem.
O professor e os colegas formam um conjunto de mediadores da cultura que possibilita progressos no desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva, não cabe analisar somente a relação professor/aluno, mas também a relação aluno/aluno. Para Vygotsky, a construção do conhecimento se dará coletivamente, portanto, sem ignorar a ação intrapsíquica do sujeito. Assim, Vygotsky conceituou o desenvolvimento intelectual de cada pessoa em dois níveis: um real e um potencial. O real é aquele já adquirido ou formado, que determina o que a criança já é capaz de fazer por si própria porque já tem um conhecimento consolidado. Por exemplo, se domina a adição esse é um nível de desenvolvimento real. O potencial é quando a criança ainda não aprendeu tal assunto, mas está próximo de aprender, e isso se dará principalmente com a ajuda de outras pessoas. Por exemplo, quando ele já sabe somar, está bem próximo de fazer uma multiplicação simples, precisa apenas de um “empurrão”.
O educador restitui seu papel fundamental na aprendizagem, afinal, para o aluno construir novos conhecimentos precisa-se de alguém que os ajude, eles não o farão sozinhos. Assim, cabe ao professor ver seus alunos sob outra perspectiva, bem como o trabalho conjunto entre colegas, que favorece também a ação do outro na zona de Desenvolvimento Proximal. Vygotsky acreditava que a Zona de Desenvolvimento Proximal já se fazia presente no bom senso do professor quando este elaborava suas aulas.
O professor seria o suporte, ou “andaime”, para que a aprendizagem do educando seja satisfatória. Para isso o professor tem que interferir na Zona de Desenvolvimento Proximal do aluno, utilizando alguma metodologia, e para Vygotsky, essa se dava através da linguagem. Nessa perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança. Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, mais se desenvolve mentalmente. Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é característica das crianças.
Para Piaget a aprendizagem do estudante será significativa quando esse for um sujeito ativo. Isso se dará quando a criança receber informações relativas ao objeto de estudo para organizar suas atividades e agir sobre elas. Geralmente os professores “jogam” somente os símbolos falados e escritos para os alunos, alegando a falta de tempo. Segundo Piaget esse tempo utilizado apenas para a verbalização do professor é um tempo perdido, e se gastá-lo permitindo que os alunos usem a abordagem tentativa e erro, esse tempo gasto a mais, será na verdade um ganho.
O modelo tradicional de intervenção do professor consiste em explicar como resolver os problemas e dizer “está certo” ou “está errado”. Isso está contra a teoria da psicologia genética de Piaget, que coloca a importância da observação do professor sobre o aluno. Uma observação criteriosa, para ver o momento de desenvolvimento que a criança está vivendo, assim saber que atividade cognitiva aquele aluno estará apto a investigar. O professor será o incentivador, o encorajador para a iniciativa própria do estudante.
Coloca-se também a importância da espontaneidade d acriança. Muitas vezes o professor se mostra tão preocupado em ensinar que não tem paciência suficiente para esperar que as crianças aprendam. Dificilmente aguardam as respostas dos educandos, e perdem a oportunidade de acompanhar a estrutura de raciocínio espontâneo de seus alunos. Com a concepção das respostas “certas” e sem o incentivo para pesquisa pessoal o estudante acaba por ter sua atividade dirigida e canalizada, podendo até dizer moldada pelo método de ensino tradicional. Por isso Piaget fixa tanto essa ideia da espontaneidade do aluno; porém, essa espontaneidade muitas vezes é distorcida em sua interpretação. Se um professor deixar a criança sem planejar sua atividade, achando que essa aprenderá sozinha, erroneamente estará aplicando o que Piaget diz.
Ainda a respeito da relação professor/aluno, Piaget coloca que essa relação tem que ser baseada no diálogo mais fecundo, onde os “erros” dos estudantes passam a ser vistos como integrantes do processo de aprendizagem. Isso se dá porque à medida que o aluno “erra” o professor consegue ver o que já se está sabendo e o que ainda deve ser ensinado. Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky são esses “erros construtivos” que podem diferir das respostas corretas, mas não impedem que as crianças cheguem a ela.
Piaget ainda reforça que o aprender não se reduz memorização, mas sim ao raciocínio lógico, compreensão e reflexão. Diferentemente de Vygotsky, Piaget coloca que o aprendizado é individual. Será construído na cabeça do sujeito a partir das estruturas mentais que ele possui. Voltando a relação professor/aluno, Piaget a coloca baseada na cooperação de ambos. Assim, será através do debate e discussão entre iguais que o processo do desenvolvimento cognitivo se dará; e o professor assumindo o papel apenas de instigador e provocador, mantendo o clima de cooperação. As conseqüências serão à descentralização, à socialização, à construção de um conhecimento racional e dinâmica dos alunos. Dessa forma, a produção das crianças passa a fazer parte do processo de ensino e aprendizagem, buscando compreender o significado do processo e não só o produto.
As relações humanas, embora complexas, são fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, se esta interação o expoente das conseqüências, pois o desenvolvimento comportamental e agregação de valor nos membros da espécie humana.
Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.
No entanto este paradigma deve ser quebrado, é preciso não limitar este estudo em relação ao comportamento do professor com resultados do aluno, devendo introduzir processos construtivos como mediadores para as limitações do paradigma do processo-produto.
Segundo Gadotti (1999, p.29) “o educador para por em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida”.
Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que se cumpre com satisfação, sendo que em alguns casos é encarada como obrigação. Para que isso possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.
O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da observação de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. É necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador da aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreendê-los numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.
De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir com intermediação entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.
O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com a cultura. ABREU & MASETTO (1999), afirma que é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos, fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por vez reflete valores e padrões da sociedade.
O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos casam, não dormem. Cansam por não acompanhar as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1996).
Apesar da importância da existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão na aprendizagem e a pesquisa autônoma. Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir, discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o conhecimento. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalho o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.
O processo de tomada de decisão, as formas de participação do professor nos processos de organização e gestão tem como pressuposto a crença de que a escola é o centro de referências tanto das políticas e planos da educação escolar quanto dos processos de ensino e aprendizagem na sala de aula e de que de nada adiantarão boas políticas e planos de ação e eficazes estruturas organizacionais se não der atenção aos aspectos internos e dinâmica organizacional, relações humanas, práticas formativas, procedimentos e avaliação, visando a qualidade cognitiva e operativa da aprendizagem dos alunos. Assim, a partir dessa interação, a escola vai adquirindo na vivência do dia-a-dia, traços culturais próprios, vai formando crenças, valores, significados, modos de agir, práticas. (LIBÂNEO, 2001).
Piaget e Vygotsky dão bastante ênfase ao ato de brincar, pois na brincadeira se trabalha pontos essenciais para a formação do educando, tais como a aquisição de novos conhecimentos, além de melhorar a atenção, a concentração, o equilíbrio e entre outros tópicos fundamentais para o desenvolvimento do aluno.
Percebe-se o quanto é importante a formação do professor de Educação Infantil, uma vez que este trabalha com o aluno nas primeiras fases do seu desenvolvimento e o profissional qualificado saberá precisar que tipo de atividade é necessária desenvolver para atingir os objetivos com o educando.
Ao brincar de faz de conta a criança põe em prática o jogo simbólico que tem como características a liberdade de regras, o desenvolvimento da imaginação e da fantasia e entre outros aspectos que ajudam o aluno a exercitar a sua capacidade de pensar, além de melhorar suas habilidades motoras nos momentos de representação desse jogo.
Piaget destaca que os jogos infantis são caracterizados por quatro estruturas: jogo de exercício, jogo simbólico/dramático, jogo de construção e jogo de regras, ressalta a importância do conteúdo e das regras de um jogo.
Vygotsky afirma que o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contatos regulares, o que ele chama de Zona de Desenvolvimento Proximal e que geralmente nos jogos o aluno vive essa fase do desenvolvimento e quando a criança participa de um jogo simbólico ela representa adultos por meio de comportamentos e papéis.
Piaget destaca que a imaginação da criança não é mais do que atividade deformante da realidade enquanto que para Vygotsky a criança desenvolve o comportamento combinatório a partir do que conhece e na interação com o meio.
Os estágios e períodos do desenvolvimento da criança segundo Piaget são divididos em estágio sensório-motor que vai de 0 a 2 anos; estágio pré-operacional, de 2 a 6 anos; estágio das operações concretas, dos 7 aos 11 anos e estágio das operações formais que vai dos 12 anos em diante, embora Piaget não coloque essas idades como via de regra, podendo oscilar.
Quanto ao papel do educador, este deve ser de formação e integração, proporcionando um ambiente adequado ao jogo infantil, selecionar materiais adequados, permitindo a repetição dos jogos, enriquecendo e valorizando os jogos realizados pelos alunos, além de respeitar preferências de cada indivíduo e não reforçar papéis sexistas e ou outros valores do professor.
O professor deve ser um motivador e facilitador, na escola tradicional o aluno não fazia parte deste processo, o professor era autoritário, o aluno apenas decorava o conteúdo, já na escola nova o aluo é construtor deste conhecimento e o professor passou a ser um observador e mediador entre o ensino e a aprendizagem.
Vygotsky nesta construção acreditava que ela se dava no ambiente social, ele postula que a criança já nasce num mundo social e desde o nascimento, vai formando uma visão de mundo através da interação com os adultos ou crianças mais experientes, para ele procede do social para o individual, já para Piaget os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança de acordo com o estágio de desenvolvimento em que esta se encontra em sua concepção, a construção do conhecimento procede do individual para o social.
Nesta busca de facilitar esta construção, inovando, trazendo o lúdico, valorizando a vivência para assim o conteúdo ser significativo.
Cabe a escola ser dinâmica sempre visando a qualidade cognitiva e operativa da aprendizagem dos alunos.
Segundo Libâneo a instituição escolar deve ser aberta e que estes processos sejam construídos por toda equipe do âmbito educacional, pais e comunidade em prol da construção do conhecimento e de uma relação que favoreça a aprendizagem do aluno.

REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC / SEF, 1997.
ABREU, Maria. MASETTO, M. T. O professor universitário em aula. São Paulo: Editores associados, 1990.
FREIRE, Paulo R. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Alternativa, 2001.
PALANGANA I. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky (A relevância social). São Paulo: Plexus, 1994.
MELHORAMENTOS MINIDICIONÁRIO DA LINGUA PORTUGUESA. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1997.
TEIXEIRA, Maria de Lourdes. T. BOCK, Ana M. Bahia. B. FURTADO, Odair. Uma introdução ao estudo da psicologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1993.

Um comentário:

  1. A relação professor-aluno é um dos aspectos mais importantes que contribui para o desenvolvimento da aprendizagem.

    ResponderExcluir