terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Violência e Indisciplina na Educação: uma relação de poder

Violência e Indisciplina na Educação: uma relação de poder


Joana Gláucia dos Santos

Resumo:
O presente texto trata-se de um estudo acerca da relação de poder no âmbito da escola e suas implicações nas questões de violência e indisciplina na sala de aula e fora dela. A investigação foi realizada em uma escola pública do município de Valparaíso de Goiás na qual o fenômeno da violência e da indisciplina é uma constante. Usou a técnica da observação para analisar o relacionamento entre aluno-aluno na hora do intervalo tendo como objetivo conhecer seus comportamentos. Foram distribuídos questionários com perguntas abertas e fechadas para coletar informações entre os alunos investigados e, ainda, entrevistas com os professores pretendendo conhecer a opinião dos mesmos sobre a questão temática.

Palavras-chave: violência; indisciplina; relação de poder.

Para falar em violência é ímpar refletir sobre fatores que estão envolto dessa temática no qual está o poder e a relação de poder. Esta relação que se dá entre os seres humanos e se expressa em diferentes faces muitas vezes simbólica ou até mesmo invisível. O poder pode se apresentar através de formas diferentes, tais como: palavra, gesto, imagem, atitude, ações entre outras.
Também pode se manifestar através do desejo de ser reconhecido pelo outro. E, para isso, muitas vezes lança mão de alguns recursos que são controláveis como a força física e a manipulação psicológica. Isso na maioria das vezes se expressa por meio de atitudes violentas. Sátiro e Wuensch (2000, p.287) citando Einstein,
A violência fascina os seres moralmente fracos. Um tirano vence por sua argúcia, mas seu sucessor será sempre rematado canalha. Por essa razão, luto sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza...
Quando a crença na onipotência da força física predomina na vida política, essa força adquire vida própria e demonstra ser mais forte do que os próprios homens que pensam usar a força como instrumento.
O poder não é solitário. Existe na relação com o outro. Manifestam-se através das relações sociais, políticas, econômicas, culturais e, até mesmo, numa relação privada entre amigos. É na relação de poder que o líder aparece e, conseqüentemente o comandado. Nessa relação pode emergir formas de violência. Nietzsche afirma que a vontade de poder era o princípio incessantemente ativo que rege o universo.
São vários os tipos de violência, todavia os que interessam nesse estudo são os que estão diretamente ligados ao cotidiano escolar. A indisciplina do aluno é considerada pelos pesquisadores da educação uma das maiores causas de violência na escola. Todavia são inúmeros tipos, tais como: relacionamento entre aluno-aluno, professor-aluno, brigas entre colegas, diversos tipos de drogas, bullying e ciberbillying dentre outros. O bullying será tratado em item à parte devido ser um tipo de violência muito presente no cotidiano da escola e que na maioria das vezes traz conseqüências desastrosas para a criança ou jovem e que vai perdurar por toda vida desse sujeito quando adulto.
De acordo com Santos (2008, p. 93),
Ensinar exige respeito à autonomia, à dignidade, à liberdade não apenas de seus alunos, mas de todos. Exige-se bom senso. O professor deve ser sensível aos problemas individuais e, principalmente as questões de interesse social. O educador só terá sensibilidade para despertar no educando a curiosidade e o desejo de mudanças se ele também for sensível a essas mudanças e não acreditar na ideologia fatalista utilizada pelo sistema dominante do poder político-educativo como instrumento de manipulação das mentes humanas. É papel do educador desmistificar isso e apresentar para seus alunos um olhar com possibilidades de se fazer a própria história, de se desmistificar que a vida já está predestinada e tudo o que acontece é por obra do destino.
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mas precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" a mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno", que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE,1996).
Embora sabendo que é difícil qualquer ação que venha de encontro com a ideologia fatalista, a esperança deve ser plantada. Freire (1996, p.81) "A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo". A esperança é uma disposição natural do ser humano, a desesperança, é que se adquire com experiências negativas e as frustrações elencadas ao longo da história individual de cada um.
Um indivíduo desesperançoso é um homem que não leva a sério sua condição de Ser e de vir a ser, e, portanto, é um profissional que não leva a serio sua formação, sua importância de se fazer história, é sem duvida um indivíduo frustrado e incompetente. Freire (1996) diz que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
Assim, o problema de relacionamento não se dá apenas entre aluno-aluno, mas também entre alunos e professores. Quando se analisa o relacionamento entre iguais é ímpar refletir sobre os diferentes tipos de personalidades, comportamentos, formas de educação, influência do lar, auto-estima dentre outros aspectos que se deve considerar.
Conforme Tiba (2006, p. 154),
A auto-estima permanece infantilizada. Alimenta-se bem apenas quando ganha algo; caso contrário, o príncipe sente-se desnutrido. Ao sentir-se desnutrido, o príncipe acostumou-se (e foi acostumando) a pedir que o alimentem. Ainda que tenha o alimento à mão, ele não se alimenta sozinho. Não se sente suficientemente forte para ser independente. Sua auto-estima precisa ser vivida.
Outro tipo de violência muito marcante é a causada por algum tipo de drogas. Ora se sabe que se a criança ou o jovem busca esse recurso já tem algum problema em sua vida. É evidente pelas pesquisas que uma criança não se envolve com drogas quando vem de uma família estruturada, equilibrada, que dá atenção necessária à formação de seu filho. Portanto é previsível que os alunos que se envolvem com drogas já tenham previamente algum problema seja ele de qualquer natureza.
Tiba (2006, p.167) afirma que:
Se o aluno chega drogado à sala de aula, é porque já está se drogando em casa ou está preste a fazê-lo. Se os pais ainda não perceberam a situação, pode ser que ele esteja utilizando a droga quando na há ninguém em casa, ou dentro do próprio quarto, a portas fechadas, escondido da família. Quando os adultos estão em casa, esses jovens “dão uma saída”, aparentemente sem motivo, e vão drogar-se a poucos metros dali.
É evidente que o professor vai perceber o estado em que seu aluno se encontra. Todavia necessita de auxílio de profissionais competentes para lidar com essa situação que terá por obrigação comunicar o fato à família. Essa situação pode trazer complicações no relacionamento entre professor e aluno. E isso pode ser uma causa inevitável de violência dentro da própria sala de aula.
Cabe ao professor lidar com os diferentes tipos de personalidades, diversidades de pensamentos, modos de compreender a vida de cada aluno seu e, principalmente com a auto-estima desse aluno seja ela alta ou baixa. No entanto observa-se que os professores não estão preparados para atender as expectativas do alunado.
Na pesquisa realizada para este estudo ficou explícito que o aluno sente falta de ser compreendido pela comunidade escolar, principalmente por seu professor. E, por isso, considera causa da indisciplina na sala de aula a falta de compreensão de seu mestre.
Há muita objetividade nos depoimentos dos alunos quando dizem:
- “Os professores não falam direito com a gente”;
- “Os professores gritam o tempo todo, pensa que somos surdos”;
- “Não podemos nos expressar em sala de aula, muitos professores fingem que não existimos”;
- “A professora não confiou que sou eu mesma que faço meus trabalhos, só porque converso muito nas aulas dela. As são muito chatas. Prefiro estudar sozinha”;
- “Não entendo porque nos exigem tanto conteúdo, já que não temos a menor chance de passar na UnB e não temos dinheiro para pagar a faculdade que queremos”;
- “Brigo mesmo. Não vou deixar ninguém pisar em mim”;
- “Quero ser um profissional bom, mas o professor vive dizendo que não vamos ser nada... isso é triste”;
Por outro lado o professor quando questionado tem idéia diferente em relação ao comportamento de seus alunos.
Os professores reclamam que os alunos são mal educados, respondem muito, são indisciplinados, não sabem obedecer, não respeitam ninguém entre outras reclamações. É papel do orientador educacional refletir sobre esses depoimentos e junto com a comunidade escolar e a família buscar alternativas para solucionar ou pelo menos amenizar essas questões conflituosas.

1- Causas e efeitos da violência

Os efeitos e as causas da violência estão relacionados aos tipos e natureza em que ela se encontra. Conforme Fernández (2005, p. 25),
O fenômeno da violência transcende a mera conduta individual e se converte em um processo interpessoal, por afetar pelo menos dois protagonistas: aquele que a exerce e aquele que a sofre. Uma análise um pouco mais complexa, como veremos de imediato, permite-nos distinguir também um terceiro afetado: quem a contempla sem poder ou sem querer evitá-la.

Analisando o pensamento de Fernández observa-se que a violência envolve um cenário com diferentes atores. Este estudo, ainda, acrescenta além dos sujeitos mencionados pelo autor outros que está indiretamente envolvido como é o caso dos responsáveis por sua formação direta, no caso, a família. É o caso de se considerar os fenômenos psicológicos: conhecimento, afeto, emoções, valores surgem dentro das estruturas sociais e familiares. O jovem tem sua formação em diferentes aspectos e se um deles não for devidamente desenvolvido pode trazer como conseqüência para a necessidade não trabalhada uma causa de violência.
Hernández (2005, p. 29) diz que:
(...) cada sociedade atribui aos comportamentos de seus membros certos valores e significados que atravessam as próprias atribuições morais com que os indivíduos julgam os fatos. O conceito de violência também se submete aos valores e aos costumes sociais, o que não deixa de aumentar a confusão para localizar-se conceitualmente nesse assunto. O que para nós é perseguição, intimidação e destruição dos direitos humanos, pode ser considerado como ritual inofensivo por grupos sociais, nos quais, por princípios religiosos ou culturais, mulheres e homens, adultos e crianças, ricos e pobres não gozam dos mesmos direitos.

O pensamento do autor acima deixa claro que o fator social e familiar é uma das causas de violência. E que a formação dos valores e princípios de cada um são condição ímpar para a educação o que fará a diferença na forma de relação do indivíduo com a temática da violência.
A violência entre colegas é um fenômeno complexo que se apresenta visivelmente no contexto da convivência escolar. Isso se apresenta como fato rotineiro percebe-se que essa questão está entrelaçada em outros viéses que não é apenas o individual, mas parte de uma formação geral da educação da pessoa.
Na maior parte das vezes as desavenças entre colegas ocasionam um fenômeno muito presente no atual contexto escolar chamado “bullying” e que nem sempre é tratado pelos profissionais da educação com o respeito que merece. O próximo item será abordado este assunto.
O orientador neste contexto tem relevância primordial tanto na questão do aconselhamento como principalmente no acompanhamento. E, ainda, se verifica que esta não é uma preocupação apenas do orientador, mas um trabalho de equipe com o envolvimento da família.

2- Bullyng: modismo ou licenciosidade da escola

Inicialmente se falou que uma dos motivos de brigas entre colegas é o fenômeno “bullying”. Este tema na maior parte é ignorado pelos profissionais da educação ocasionando alterações comportamentais do aluno que sofre a agressão e em muitos casos se estende em toda vida do adulto trazendo seqüelas irreversíveis.
O “bully” é termo que vem do inglês que significa intimidar, tiranizar. Na maioria das vezes este fenômeno não se apresenta como uma forma de violência explícita e de alta periculosidade, todavia é uma agressividade menos ostensiva que é tolerada pela sociedade e pela escola.
Esse tipo de violência se expressa por meio de atitudes hostis repetitivas entre colegas da mesma sala de aula ou de classe diferente motivados por diferenças sociais, raciais, culturais, econômicas, sexuais e, até mesmo por características físicas.
São inúmeras as conseqüências desse tipo de agressão para quem sofre desse fenômeno tão complexo: baixa alta-estima, abandono da escola, isolamento da sociedade, chegando até tendência suicida. Logo se ver que este fenômeno não pode ser ignorado pelos profissionais da educação e nem pela família.
Aqueles que sofrem esse tipo agressão esperam ajuda do professor ou de outro colega que ele considera mais forte e quando isso não acontece à vítima pode entender que o fato ocorrido é aprovado pelo professor, escola e, até pela família acarretando gravidade na situação, pois geralmente o aluno passivo e indefeso possui distúrbios ou diferenças de comportamentos, tais como: complexo de inferioridade, deficiências ou anomalias físicas, mental, visual, auditiva e de fala, choro fácil, dificuldade de reagir à provocação, entre outros.
Outras formas de rejeição podem ser expressas em virtude da cor da pele, da situação financeira, da sexualidade, da etnia e religião. Cabe ao professor trabalhar esses dilemas no cotidiano da sala de aula utilizado as orientações dos parâmetros curriculares nacionais (PCN). Não esperar que essas questões se expressem, mas trabalhar com a profilaxia.
Por outro lado é importante que a família seja de imediatamente comunicada do fato e orientada psicologicamente para lidar com a situação. O professor deve ficar atento para as formas de expressão desse fenômeno. O agressor pode usar desse artifício não tendo a intenção de predicar o colega, mas tumultuar a aula tendo como objetivo agredir o professor.
Tiba (2006, p. 158) afirma que:
O bullying só é interrompido pela interferência de pessoas que tenham autoridade sobre seus participantes. O professor, ou o próprio diretor, deve interferir tornando o bullying passível de punição, e de trazer à tona esse mecanismo feito mais às escondidas que exposto à grande maioria, para que todos fiquem cientes e sejam mobilizados a interferir e interromper cada vez que perceberem intimidação, abuso, violência e\ou aterrorização.

Quando o professor enfrenta este fenômeno não está apenas tomando uma medida disciplinar, mas se expressando como cidadão crítico e consciente de seus deveres buscando qualidade de vida digna para todos tanto para o agredido como para o agressor. Dessa forma o agressor toma consciência da necessidade de conviver com o diferente e o agredido a lutar pela sua dignidade.
Na atual sociedade movida pela informação tecnológica apareceu outra forma de discriminação e agressão que é cyberbullying este como o próprio nome diz é o bullying praticado pela internet no qual se encontra facilmente nos sites de relacionamentos, MSN, blogs, fotologs, orkut. Nestes casos é imprescindível que os pais acompanhem com mais freqüência seus filhos, tornem-se mais presentes em seu dia a dia, conversem diariamente e saibam o que os filhos fazem na internet.
Conforme Tiba (2006, p. 159),

Uma vez detectada a existência do bullying, é preciso que os responsáveis, pais e professores, rastreiem a internet usada pelos alunos. Aqueles que fazem mau uso da ferramenta deveriam ser fortemente advertidos. A permanência nesse tipo de uso deveria fazê-los perder alguns outros privilégios bem como assumir a conseqüência de se retratarem através dos mesmos caminhos usados para a prática do bullying.

Pesquisam apontam que a falta de estrutura familiar prejudica o desempenho das crianças na escola. Algumas apresentam dificuldades de aprendizagem e outras chegam a ter comportamento extremamente agressivo e violento.
Os professores apontam como fatores mais preocupantes para o fenômeno da violência a falta de integração entre o ambiente familiar e o escolar. Essas duas instituições andam em descompasso ocasionando sérios problemas comportamentais e educacionais.
Chega-se ao entendimento que só é possível educação de qualidade quando escola e família estiverem juntas trabalhando de forma cooperativa caso contrário ficará cada vez mais evidente o descompasso educacional.

3- Violência X indisciplina

A violência e a indisciplina nas escolas brasileiras têm preocupado educadores e pesquisadores. Parte desse dilema está inserida nas questões de âmbito social e econômico. Nos últimos anos essa temática é protagonista de parte da realidade dos trabalhos na escola. Tem se expandido se renovando diariamente por todo cenário educacional. Mudam-se as formas, os tipos de agressões, mas não se encontram uma maneira adequada para acabar com essas questões que tanto inquietam os profissionais da educação quanto a família.
De acordo com Silva (2004, p. 113),
A indisciplina foi considerada a grande praga do final do século passado para a educação brasileira (XX) e a violência, o seu efeito mais nefasto. Infelizmente, o problema continua, e a tal ponto que passou a ser visto como produto de uma doença de nome pomposo chamada hiperatividade. Tanto é verdade que se ouve falar pouco em indisciplina e violência escolar. Na verdade, a moda agora é dizer que determinadas crianças e adolescentes são hiperativos. A situação, a meu ver, chega a ser preocupante que frequentemente pais têm sido chamados (quando não convocados) a comparecer à instituição em que seu filho estuda, a fim de escutar o veredicto da hiperatividade, e a solicitação de encaminhamento a neurologista e de emprego de medicamentos (o seu filho, afinal, deve ter algo na cabeça que o impede de ficar quieto em sala de aula, o faz bater nos colegas, xingar-me e agredir-me ‘a professora’).

O que se observa nas escolas é que este distúrbio tem sido o principal motivo de encaminhamento de crianças e jovens a profissionais especializados. E nota-se por outro lado que é usado para mascarar a falta de disciplina dos alunos na sala de aula.
Este texto não pretende analisar a hiperatividade apenas mencionar sua existência no contexto da escola. Quando o professor tem aluno que esse distúrbio precisa estar preparado para lidar com a situação. Não tarefa apenas do educador, mas também do orientador que terá que realizar um trabalho em parceria com a família.
Falando em violência e indisciplina nota-se que a questão é outra. Passa pela formação do ser humano, predisposição para desenvolvê-la, comportamento, meio em que vive e tantos outros aspectos. Em suma o orientador sozinho não tem condições de solucionar esse problema, contudo pode encontrar caminhos para amenizá-lo.

4- Análise dos elementos que contribuem para a presença da violência no contexto escolar


Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promove tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebe-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a temática violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar temática em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
No entanto, para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é neste espaço familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.
A violência nas escolas e no entorno social faz aparecer a lógica do prazer individualista na negação do outro, ameaçando os princípios reconhecidos internacionalmente pela educação dos quatro pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Dentre os conceitos relacionados à temática Violência no Contexto Escolar estão: família, aluno e docente. O aluno é o ator a quem se atribui, com freqüência, a responsabilidade pela violência na escola. No entanto, é possível reconhecer que a violência faz parte de um contexto muito mais amplo que é a própria sociedade da qual fazem parte outros atores: a família e o docente, como representantes legítimos da ação do contexto sócio-cultural sobre o aluno a que os sociólogos Bourdier e Passeron já sinalizaram como “violência simbólica”. Portanto, a partir da relação entre estes três elementos, é possível investigar sobre este problema. Crê-se, portanto, que tomando esta relação como objeto de investigação, pode-se chegar à compreensão deste problema que influencia as considerações feitas a respeito da violência no contexto escolar.
Aranha (2001, p. 189) citando Bourdier e Passeron sobre a violência simbólica afirma:
A escola constitui um instrumento de violência simbólica porque reproduz os privilégios existentes na sociedade, beneficiando os já socialmente favorecidos. O acesso à educação, o sucesso escolar, a possibilidade de escolaridade prolongada até a universidade estão reservados àqueles cujas famílias pertencem à classe dominante, ou seja, aos herdeiros de sistemas privilegiados. Não cabe à escola promover a democratização e possibilitar a ascensão social; ao contrário, ela reafirma os privilégios existentes. A escola limita-se a confirmar e reforçar um habitus de classe
Assim, propõe-se conhecer as causas e conseqüências da presença da violência no contexto social com o objetivo de compreendê-lo, para explicá-lo e posteriormente apontar possíveis formas de combatê-lo no âmbito escolar.
Para tanto, optou-se nesse estudo, um modelo epistemologicamente constituído de métodos e instrumentos que possam abarcar o fenômeno a ser estudado, tanto de forma qualitativa quanto de forma quantitativa por se considerar necessária a adoção de técnicas e instrumentos utilizados tanto para atender o perfil de um modelo quanto para atender o outro.

5- Considerações Finais

As considerações últimas destacam a contribuição da pesquisa para o município e, especialmente, para escola objeto de estudo.
Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promovem tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebeu-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar o tema em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
Para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é na realidade familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.

6- Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2. ed., São Paulo: Moderna, 2001.
Fernández, Isabel. Prevenção da violência e solução de conflitos. São Paulo: Madras, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 7. ed., São Paulo: UNESP, 2000.
SANTOS, Joana Gláucia. A Construção do conhecimento em bioética no processo de formação do educador. Dissertação de Mestrado, 2005
SÁTIRO, Angélica e WUENSCHE, Ana Míriam. Iniciação ao Filosofar. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 2000.
SILVA, Márcio Bolda da. Bioética e a questão da justificação moral. Porto Alegre-Rio Grande do Sul: EDIPUCRS, 2004.
TIBA, Içama. Disciplina limite na medida certa: novos paradigmas. 80. ed., são Paulo: Integrare, 2006.





Violência e Indisciplina na Educação: uma relação de poder


Joana Gláucia dos Santos

Resumo:
O presente texto trata-se de um estudo acerca da relação de poder no âmbito da escola e suas implicações nas questões de violência e indisciplina na sala de aula e fora dela. A investigação foi realizada em uma escola pública do município de Valparaíso de Goiás na qual o fenômeno da violência e da indisciplina é uma constante. Usou a técnica da observação para analisar o relacionamento entre aluno-aluno na hora do intervalo tendo como objetivo conhecer seus comportamentos. Foram distribuídos questionários com perguntas abertas e fechadas para coletar informações entre os alunos investigados e, ainda, entrevistas com os professores pretendendo conhecer a opinião dos mesmos sobre a questão temática.

Palavras-chave: violência; indisciplina; relação de poder.

Para falar em violência é ímpar refletir sobre fatores que estão envolto dessa temática no qual está o poder e a relação de poder. Esta relação que se dá entre os seres humanos e se expressa em diferentes faces muitas vezes simbólica ou até mesmo invisível. O poder pode se apresentar através de formas diferentes, tais como: palavra, gesto, imagem, atitude, ações entre outras.
Também pode se manifestar através do desejo de ser reconhecido pelo outro. E, para isso, muitas vezes lança mão de alguns recursos que são controláveis como a força física e a manipulação psicológica. Isso na maioria das vezes se expressa por meio de atitudes violentas. Sátiro e Wuensch (2000, p.287) citando Einstein,
A violência fascina os seres moralmente fracos. Um tirano vence por sua argúcia, mas seu sucessor será sempre rematado canalha. Por essa razão, luto sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza...
Quando a crença na onipotência da força física predomina na vida política, essa força adquire vida própria e demonstra ser mais forte do que os próprios homens que pensam usar a força como instrumento.
O poder não é solitário. Existe na relação com o outro. Manifestam-se através das relações sociais, políticas, econômicas, culturais e, até mesmo, numa relação privada entre amigos. É na relação de poder que o líder aparece e, conseqüentemente o comandado. Nessa relação pode emergir formas de violência. Nietzsche afirma que a vontade de poder era o princípio incessantemente ativo que rege o universo.
São vários os tipos de violência, todavia os que interessam nesse estudo são os que estão diretamente ligados ao cotidiano escolar. A indisciplina do aluno é considerada pelos pesquisadores da educação uma das maiores causas de violência na escola. Todavia são inúmeros tipos, tais como: relacionamento entre aluno-aluno, professor-aluno, brigas entre colegas, diversos tipos de drogas, bullying e ciberbillying dentre outros. O bullying será tratado em item à parte devido ser um tipo de violência muito presente no cotidiano da escola e que na maioria das vezes traz conseqüências desastrosas para a criança ou jovem e que vai perdurar por toda vida desse sujeito quando adulto.
De acordo com Santos (2008, p. 93),
Ensinar exige respeito à autonomia, à dignidade, à liberdade não apenas de seus alunos, mas de todos. Exige-se bom senso. O professor deve ser sensível aos problemas individuais e, principalmente as questões de interesse social. O educador só terá sensibilidade para despertar no educando a curiosidade e o desejo de mudanças se ele também for sensível a essas mudanças e não acreditar na ideologia fatalista utilizada pelo sistema dominante do poder político-educativo como instrumento de manipulação das mentes humanas. É papel do educador desmistificar isso e apresentar para seus alunos um olhar com possibilidades de se fazer a própria história, de se desmistificar que a vida já está predestinada e tudo o que acontece é por obra do destino.
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mas precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" a mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno", que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE,1996).
Embora sabendo que é difícil qualquer ação que venha de encontro com a ideologia fatalista, a esperança deve ser plantada. Freire (1996, p.81) "A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo". A esperança é uma disposição natural do ser humano, a desesperança, é que se adquire com experiências negativas e as frustrações elencadas ao longo da história individual de cada um.
Um indivíduo desesperançoso é um homem que não leva a sério sua condição de Ser e de vir a ser, e, portanto, é um profissional que não leva a serio sua formação, sua importância de se fazer história, é sem duvida um indivíduo frustrado e incompetente. Freire (1996) diz que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
Assim, o problema de relacionamento não se dá apenas entre aluno-aluno, mas também entre alunos e professores. Quando se analisa o relacionamento entre iguais é ímpar refletir sobre os diferentes tipos de personalidades, comportamentos, formas de educação, influência do lar, auto-estima dentre outros aspectos que se deve considerar.
Conforme Tiba (2006, p. 154),
A auto-estima permanece infantilizada. Alimenta-se bem apenas quando ganha algo; caso contrário, o príncipe sente-se desnutrido. Ao sentir-se desnutrido, o príncipe acostumou-se (e foi acostumando) a pedir que o alimentem. Ainda que tenha o alimento à mão, ele não se alimenta sozinho. Não se sente suficientemente forte para ser independente. Sua auto-estima precisa ser vivida.
Outro tipo de violência muito marcante é a causada por algum tipo de drogas. Ora se sabe que se a criança ou o jovem busca esse recurso já tem algum problema em sua vida. É evidente pelas pesquisas que uma criança não se envolve com drogas quando vem de uma família estruturada, equilibrada, que dá atenção necessária à formação de seu filho. Portanto é previsível que os alunos que se envolvem com drogas já tenham previamente algum problema seja ele de qualquer natureza.
Tiba (2006, p.167) afirma que:
Se o aluno chega drogado à sala de aula, é porque já está se drogando em casa ou está preste a fazê-lo. Se os pais ainda não perceberam a situação, pode ser que ele esteja utilizando a droga quando na há ninguém em casa, ou dentro do próprio quarto, a portas fechadas, escondido da família. Quando os adultos estão em casa, esses jovens “dão uma saída”, aparentemente sem motivo, e vão drogar-se a poucos metros dali.
É evidente que o professor vai perceber o estado em que seu aluno se encontra. Todavia necessita de auxílio de profissionais competentes para lidar com essa situação que terá por obrigação comunicar o fato à família. Essa situação pode trazer complicações no relacionamento entre professor e aluno. E isso pode ser uma causa inevitável de violência dentro da própria sala de aula.
Cabe ao professor lidar com os diferentes tipos de personalidades, diversidades de pensamentos, modos de compreender a vida de cada aluno seu e, principalmente com a auto-estima desse aluno seja ela alta ou baixa. No entanto observa-se que os professores não estão preparados para atender as expectativas do alunado.
Na pesquisa realizada para este estudo ficou explícito que o aluno sente falta de ser compreendido pela comunidade escolar, principalmente por seu professor. E, por isso, considera causa da indisciplina na sala de aula a falta de compreensão de seu mestre.
Há muita objetividade nos depoimentos dos alunos quando dizem:
- “Os professores não falam direito com a gente”;
- “Os professores gritam o tempo todo, pensa que somos surdos”;
- “Não podemos nos expressar em sala de aula, muitos professores fingem que não existimos”;
- “A professora não confiou que sou eu mesma que faço meus trabalhos, só porque converso muito nas aulas dela. As são muito chatas. Prefiro estudar sozinha”;
- “Não entendo porque nos exigem tanto conteúdo, já que não temos a menor chance de passar na UnB e não temos dinheiro para pagar a faculdade que queremos”;
- “Brigo mesmo. Não vou deixar ninguém pisar em mim”;
- “Quero ser um profissional bom, mas o professor vive dizendo que não vamos ser nada... isso é triste”;
Por outro lado o professor quando questionado tem idéia diferente em relação ao comportamento de seus alunos.
Os professores reclamam que os alunos são mal educados, respondem muito, são indisciplinados, não sabem obedecer, não respeitam ninguém entre outras reclamações. É papel do orientador educacional refletir sobre esses depoimentos e junto com a comunidade escolar e a família buscar alternativas para solucionar ou pelo menos amenizar essas questões conflituosas.

1- Causas e efeitos da violência

Os efeitos e as causas da violência estão relacionados aos tipos e natureza em que ela se encontra. Conforme Fernández (2005, p. 25),
O fenômeno da violência transcende a mera conduta individual e se converte em um processo interpessoal, por afetar pelo menos dois protagonistas: aquele que a exerce e aquele que a sofre. Uma análise um pouco mais complexa, como veremos de imediato, permite-nos distinguir também um terceiro afetado: quem a contempla sem poder ou sem querer evitá-la.

Analisando o pensamento de Fernández observa-se que a violência envolve um cenário com diferentes atores. Este estudo, ainda, acrescenta além dos sujeitos mencionados pelo autor outros que está indiretamente envolvido como é o caso dos responsáveis por sua formação direta, no caso, a família. É o caso de se considerar os fenômenos psicológicos: conhecimento, afeto, emoções, valores surgem dentro das estruturas sociais e familiares. O jovem tem sua formação em diferentes aspectos e se um deles não for devidamente desenvolvido pode trazer como conseqüência para a necessidade não trabalhada uma causa de violência.
Hernández (2005, p. 29) diz que:
(...) cada sociedade atribui aos comportamentos de seus membros certos valores e significados que atravessam as próprias atribuições morais com que os indivíduos julgam os fatos. O conceito de violência também se submete aos valores e aos costumes sociais, o que não deixa de aumentar a confusão para localizar-se conceitualmente nesse assunto. O que para nós é perseguição, intimidação e destruição dos direitos humanos, pode ser considerado como ritual inofensivo por grupos sociais, nos quais, por princípios religiosos ou culturais, mulheres e homens, adultos e crianças, ricos e pobres não gozam dos mesmos direitos.

O pensamento do autor acima deixa claro que o fator social e familiar é uma das causas de violência. E que a formação dos valores e princípios de cada um são condição ímpar para a educação o que fará a diferença na forma de relação do indivíduo com a temática da violência.
A violência entre colegas é um fenômeno complexo que se apresenta visivelmente no contexto da convivência escolar. Isso se apresenta como fato rotineiro percebe-se que essa questão está entrelaçada em outros viéses que não é apenas o individual, mas parte de uma formação geral da educação da pessoa.
Na maior parte das vezes as desavenças entre colegas ocasionam um fenômeno muito presente no atual contexto escolar chamado “bullying” e que nem sempre é tratado pelos profissionais da educação com o respeito que merece. O próximo item será abordado este assunto.
O orientador neste contexto tem relevância primordial tanto na questão do aconselhamento como principalmente no acompanhamento. E, ainda, se verifica que esta não é uma preocupação apenas do orientador, mas um trabalho de equipe com o envolvimento da família.

2- Bullyng: modismo ou licenciosidade da escola

Inicialmente se falou que uma dos motivos de brigas entre colegas é o fenômeno “bullying”. Este tema na maior parte é ignorado pelos profissionais da educação ocasionando alterações comportamentais do aluno que sofre a agressão e em muitos casos se estende em toda vida do adulto trazendo seqüelas irreversíveis.
O “bully” é termo que vem do inglês que significa intimidar, tiranizar. Na maioria das vezes este fenômeno não se apresenta como uma forma de violência explícita e de alta periculosidade, todavia é uma agressividade menos ostensiva que é tolerada pela sociedade e pela escola.
Esse tipo de violência se expressa por meio de atitudes hostis repetitivas entre colegas da mesma sala de aula ou de classe diferente motivados por diferenças sociais, raciais, culturais, econômicas, sexuais e, até mesmo por características físicas.
São inúmeras as conseqüências desse tipo de agressão para quem sofre desse fenômeno tão complexo: baixa alta-estima, abandono da escola, isolamento da sociedade, chegando até tendência suicida. Logo se ver que este fenômeno não pode ser ignorado pelos profissionais da educação e nem pela família.
Aqueles que sofrem esse tipo agressão esperam ajuda do professor ou de outro colega que ele considera mais forte e quando isso não acontece à vítima pode entender que o fato ocorrido é aprovado pelo professor, escola e, até pela família acarretando gravidade na situação, pois geralmente o aluno passivo e indefeso possui distúrbios ou diferenças de comportamentos, tais como: complexo de inferioridade, deficiências ou anomalias físicas, mental, visual, auditiva e de fala, choro fácil, dificuldade de reagir à provocação, entre outros.
Outras formas de rejeição podem ser expressas em virtude da cor da pele, da situação financeira, da sexualidade, da etnia e religião. Cabe ao professor trabalhar esses dilemas no cotidiano da sala de aula utilizado as orientações dos parâmetros curriculares nacionais (PCN). Não esperar que essas questões se expressem, mas trabalhar com a profilaxia.
Por outro lado é importante que a família seja de imediatamente comunicada do fato e orientada psicologicamente para lidar com a situação. O professor deve ficar atento para as formas de expressão desse fenômeno. O agressor pode usar desse artifício não tendo a intenção de predicar o colega, mas tumultuar a aula tendo como objetivo agredir o professor.
Tiba (2006, p. 158) afirma que:
O bullying só é interrompido pela interferência de pessoas que tenham autoridade sobre seus participantes. O professor, ou o próprio diretor, deve interferir tornando o bullying passível de punição, e de trazer à tona esse mecanismo feito mais às escondidas que exposto à grande maioria, para que todos fiquem cientes e sejam mobilizados a interferir e interromper cada vez que perceberem intimidação, abuso, violência e\ou aterrorização.

Quando o professor enfrenta este fenômeno não está apenas tomando uma medida disciplinar, mas se expressando como cidadão crítico e consciente de seus deveres buscando qualidade de vida digna para todos tanto para o agredido como para o agressor. Dessa forma o agressor toma consciência da necessidade de conviver com o diferente e o agredido a lutar pela sua dignidade.
Na atual sociedade movida pela informação tecnológica apareceu outra forma de discriminação e agressão que é cyberbullying este como o próprio nome diz é o bullying praticado pela internet no qual se encontra facilmente nos sites de relacionamentos, MSN, blogs, fotologs, orkut. Nestes casos é imprescindível que os pais acompanhem com mais freqüência seus filhos, tornem-se mais presentes em seu dia a dia, conversem diariamente e saibam o que os filhos fazem na internet.
Conforme Tiba (2006, p. 159),

Uma vez detectada a existência do bullying, é preciso que os responsáveis, pais e professores, rastreiem a internet usada pelos alunos. Aqueles que fazem mau uso da ferramenta deveriam ser fortemente advertidos. A permanência nesse tipo de uso deveria fazê-los perder alguns outros privilégios bem como assumir a conseqüência de se retratarem através dos mesmos caminhos usados para a prática do bullying.

Pesquisam apontam que a falta de estrutura familiar prejudica o desempenho das crianças na escola. Algumas apresentam dificuldades de aprendizagem e outras chegam a ter comportamento extremamente agressivo e violento.
Os professores apontam como fatores mais preocupantes para o fenômeno da violência a falta de integração entre o ambiente familiar e o escolar. Essas duas instituições andam em descompasso ocasionando sérios problemas comportamentais e educacionais.
Chega-se ao entendimento que só é possível educação de qualidade quando escola e família estiverem juntas trabalhando de forma cooperativa caso contrário ficará cada vez mais evidente o descompasso educacional.

3- Violência X indisciplina

A violência e a indisciplina nas escolas brasileiras têm preocupado educadores e pesquisadores. Parte desse dilema está inserida nas questões de âmbito social e econômico. Nos últimos anos essa temática é protagonista de parte da realidade dos trabalhos na escola. Tem se expandido se renovando diariamente por todo cenário educacional. Mudam-se as formas, os tipos de agressões, mas não se encontram uma maneira adequada para acabar com essas questões que tanto inquietam os profissionais da educação quanto a família.
De acordo com Silva (2004, p. 113),
A indisciplina foi considerada a grande praga do final do século passado para a educação brasileira (XX) e a violência, o seu efeito mais nefasto. Infelizmente, o problema continua, e a tal ponto que passou a ser visto como produto de uma doença de nome pomposo chamada hiperatividade. Tanto é verdade que se ouve falar pouco em indisciplina e violência escolar. Na verdade, a moda agora é dizer que determinadas crianças e adolescentes são hiperativos. A situação, a meu ver, chega a ser preocupante que frequentemente pais têm sido chamados (quando não convocados) a comparecer à instituição em que seu filho estuda, a fim de escutar o veredicto da hiperatividade, e a solicitação de encaminhamento a neurologista e de emprego de medicamentos (o seu filho, afinal, deve ter algo na cabeça que o impede de ficar quieto em sala de aula, o faz bater nos colegas, xingar-me e agredir-me ‘a professora’).

O que se observa nas escolas é que este distúrbio tem sido o principal motivo de encaminhamento de crianças e jovens a profissionais especializados. E nota-se por outro lado que é usado para mascarar a falta de disciplina dos alunos na sala de aula.
Este texto não pretende analisar a hiperatividade apenas mencionar sua existência no contexto da escola. Quando o professor tem aluno que esse distúrbio precisa estar preparado para lidar com a situação. Não tarefa apenas do educador, mas também do orientador que terá que realizar um trabalho em parceria com a família.
Falando em violência e indisciplina nota-se que a questão é outra. Passa pela formação do ser humano, predisposição para desenvolvê-la, comportamento, meio em que vive e tantos outros aspectos. Em suma o orientador sozinho não tem condições de solucionar esse problema, contudo pode encontrar caminhos para amenizá-lo.

4- Análise dos elementos que contribuem para a presença da violência no contexto escolar


Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promove tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebe-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a temática violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar temática em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
No entanto, para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é neste espaço familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.
A violência nas escolas e no entorno social faz aparecer a lógica do prazer individualista na negação do outro, ameaçando os princípios reconhecidos internacionalmente pela educação dos quatro pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Dentre os conceitos relacionados à temática Violência no Contexto Escolar estão: família, aluno e docente. O aluno é o ator a quem se atribui, com freqüência, a responsabilidade pela violência na escola. No entanto, é possível reconhecer que a violência faz parte de um contexto muito mais amplo que é a própria sociedade da qual fazem parte outros atores: a família e o docente, como representantes legítimos da ação do contexto sócio-cultural sobre o aluno a que os sociólogos Bourdier e Passeron já sinalizaram como “violência simbólica”. Portanto, a partir da relação entre estes três elementos, é possível investigar sobre este problema. Crê-se, portanto, que tomando esta relação como objeto de investigação, pode-se chegar à compreensão deste problema que influencia as considerações feitas a respeito da violência no contexto escolar.
Aranha (2001, p. 189) citando Bourdier e Passeron sobre a violência simbólica afirma:
A escola constitui um instrumento de violência simbólica porque reproduz os privilégios existentes na sociedade, beneficiando os já socialmente favorecidos. O acesso à educação, o sucesso escolar, a possibilidade de escolaridade prolongada até a universidade estão reservados àqueles cujas famílias pertencem à classe dominante, ou seja, aos herdeiros de sistemas privilegiados. Não cabe à escola promover a democratização e possibilitar a ascensão social; ao contrário, ela reafirma os privilégios existentes. A escola limita-se a confirmar e reforçar um habitus de classe
Assim, propõe-se conhecer as causas e conseqüências da presença da violência no contexto social com o objetivo de compreendê-lo, para explicá-lo e posteriormente apontar possíveis formas de combatê-lo no âmbito escolar.
Para tanto, optou-se nesse estudo, um modelo epistemologicamente constituído de métodos e instrumentos que possam abarcar o fenômeno a ser estudado, tanto de forma qualitativa quanto de forma quantitativa por se considerar necessária a adoção de técnicas e instrumentos utilizados tanto para atender o perfil de um modelo quanto para atender o outro.

5- Considerações Finais

As considerações últimas destacam a contribuição da pesquisa para o município e, especialmente, para escola objeto de estudo.
Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promovem tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebeu-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar o tema em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
Para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é na realidade familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.

6- Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2. ed., São Paulo: Moderna, 2001.
Fernández, Isabel. Prevenção da violência e solução de conflitos. São Paulo: Madras, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 7. ed., São Paulo: UNESP, 2000.
SANTOS, Joana Gláucia. A Construção do conhecimento em bioética no processo de formação do educador. Dissertação de Mestrado, 2005
SÁTIRO, Angélica e WUENSCHE, Ana Míriam. Iniciação ao Filosofar. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 2000.
SILVA, Márcio Bolda da. Bioética e a questão da justificação moral. Porto Alegre-Rio Grande do Sul: EDIPUCRS, 2004.
TIBA, Içama. Disciplina limite na medida certa: novos paradigmas. 80. ed., são Paulo: Integrare, 2006.




Violência e Indisciplina na Educação: uma relação de poder


Joana Gláucia dos Santos

Resumo:
O presente texto trata-se de um estudo acerca da relação de poder no âmbito da escola e suas implicações nas questões de violência e indisciplina na sala de aula e fora dela. A investigação foi realizada em uma escola pública do município de Valparaíso de Goiás na qual o fenômeno da violência e da indisciplina é uma constante. Usou a técnica da observação para analisar o relacionamento entre aluno-aluno na hora do intervalo tendo como objetivo conhecer seus comportamentos. Foram distribuídos questionários com perguntas abertas e fechadas para coletar informações entre os alunos investigados e, ainda, entrevistas com os professores pretendendo conhecer a opinião dos mesmos sobre a questão temática.

Palavras-chave: violência; indisciplina; relação de poder.

Para falar em violência é ímpar refletir sobre fatores que estão envolto dessa temática no qual está o poder e a relação de poder. Esta relação que se dá entre os seres humanos e se expressa em diferentes faces muitas vezes simbólica ou até mesmo invisível. O poder pode se apresentar através de formas diferentes, tais como: palavra, gesto, imagem, atitude, ações entre outras.
Também pode se manifestar através do desejo de ser reconhecido pelo outro. E, para isso, muitas vezes lança mão de alguns recursos que são controláveis como a força física e a manipulação psicológica. Isso na maioria das vezes se expressa por meio de atitudes violentas. Sátiro e Wuensch (2000, p.287) citando Einstein,
A violência fascina os seres moralmente fracos. Um tirano vence por sua argúcia, mas seu sucessor será sempre rematado canalha. Por essa razão, luto sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza...
Quando a crença na onipotência da força física predomina na vida política, essa força adquire vida própria e demonstra ser mais forte do que os próprios homens que pensam usar a força como instrumento.
O poder não é solitário. Existe na relação com o outro. Manifestam-se através das relações sociais, políticas, econômicas, culturais e, até mesmo, numa relação privada entre amigos. É na relação de poder que o líder aparece e, conseqüentemente o comandado. Nessa relação pode emergir formas de violência. Nietzsche afirma que a vontade de poder era o princípio incessantemente ativo que rege o universo.
São vários os tipos de violência, todavia os que interessam nesse estudo são os que estão diretamente ligados ao cotidiano escolar. A indisciplina do aluno é considerada pelos pesquisadores da educação uma das maiores causas de violência na escola. Todavia são inúmeros tipos, tais como: relacionamento entre aluno-aluno, professor-aluno, brigas entre colegas, diversos tipos de drogas, bullying e ciberbillying dentre outros. O bullying será tratado em item à parte devido ser um tipo de violência muito presente no cotidiano da escola e que na maioria das vezes traz conseqüências desastrosas para a criança ou jovem e que vai perdurar por toda vida desse sujeito quando adulto.
De acordo com Santos (2008, p. 93),
Ensinar exige respeito à autonomia, à dignidade, à liberdade não apenas de seus alunos, mas de todos. Exige-se bom senso. O professor deve ser sensível aos problemas individuais e, principalmente as questões de interesse social. O educador só terá sensibilidade para despertar no educando a curiosidade e o desejo de mudanças se ele também for sensível a essas mudanças e não acreditar na ideologia fatalista utilizada pelo sistema dominante do poder político-educativo como instrumento de manipulação das mentes humanas. É papel do educador desmistificar isso e apresentar para seus alunos um olhar com possibilidades de se fazer a própria história, de se desmistificar que a vida já está predestinada e tudo o que acontece é por obra do destino.
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mas precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" a mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno", que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE,1996).
Embora sabendo que é difícil qualquer ação que venha de encontro com a ideologia fatalista, a esperança deve ser plantada. Freire (1996, p.81) "A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo". A esperança é uma disposição natural do ser humano, a desesperança, é que se adquire com experiências negativas e as frustrações elencadas ao longo da história individual de cada um.
Um indivíduo desesperançoso é um homem que não leva a sério sua condição de Ser e de vir a ser, e, portanto, é um profissional que não leva a serio sua formação, sua importância de se fazer história, é sem duvida um indivíduo frustrado e incompetente. Freire (1996) diz que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
Assim, o problema de relacionamento não se dá apenas entre aluno-aluno, mas também entre alunos e professores. Quando se analisa o relacionamento entre iguais é ímpar refletir sobre os diferentes tipos de personalidades, comportamentos, formas de educação, influência do lar, auto-estima dentre outros aspectos que se deve considerar.
Conforme Tiba (2006, p. 154),
A auto-estima permanece infantilizada. Alimenta-se bem apenas quando ganha algo; caso contrário, o príncipe sente-se desnutrido. Ao sentir-se desnutrido, o príncipe acostumou-se (e foi acostumando) a pedir que o alimentem. Ainda que tenha o alimento à mão, ele não se alimenta sozinho. Não se sente suficientemente forte para ser independente. Sua auto-estima precisa ser vivida.
Outro tipo de violência muito marcante é a causada por algum tipo de drogas. Ora se sabe que se a criança ou o jovem busca esse recurso já tem algum problema em sua vida. É evidente pelas pesquisas que uma criança não se envolve com drogas quando vem de uma família estruturada, equilibrada, que dá atenção necessária à formação de seu filho. Portanto é previsível que os alunos que se envolvem com drogas já tenham previamente algum problema seja ele de qualquer natureza.
Tiba (2006, p.167) afirma que:
Se o aluno chega drogado à sala de aula, é porque já está se drogando em casa ou está preste a fazê-lo. Se os pais ainda não perceberam a situação, pode ser que ele esteja utilizando a droga quando na há ninguém em casa, ou dentro do próprio quarto, a portas fechadas, escondido da família. Quando os adultos estão em casa, esses jovens “dão uma saída”, aparentemente sem motivo, e vão drogar-se a poucos metros dali.
É evidente que o professor vai perceber o estado em que seu aluno se encontra. Todavia necessita de auxílio de profissionais competentes para lidar com essa situação que terá por obrigação comunicar o fato à família. Essa situação pode trazer complicações no relacionamento entre professor e aluno. E isso pode ser uma causa inevitável de violência dentro da própria sala de aula.
Cabe ao professor lidar com os diferentes tipos de personalidades, diversidades de pensamentos, modos de compreender a vida de cada aluno seu e, principalmente com a auto-estima desse aluno seja ela alta ou baixa. No entanto observa-se que os professores não estão preparados para atender as expectativas do alunado.
Na pesquisa realizada para este estudo ficou explícito que o aluno sente falta de ser compreendido pela comunidade escolar, principalmente por seu professor. E, por isso, considera causa da indisciplina na sala de aula a falta de compreensão de seu mestre.
Há muita objetividade nos depoimentos dos alunos quando dizem:
- “Os professores não falam direito com a gente”;
- “Os professores gritam o tempo todo, pensa que somos surdos”;
- “Não podemos nos expressar em sala de aula, muitos professores fingem que não existimos”;
- “A professora não confiou que sou eu mesma que faço meus trabalhos, só porque converso muito nas aulas dela. As são muito chatas. Prefiro estudar sozinha”;
- “Não entendo porque nos exigem tanto conteúdo, já que não temos a menor chance de passar na UnB e não temos dinheiro para pagar a faculdade que queremos”;
- “Brigo mesmo. Não vou deixar ninguém pisar em mim”;
- “Quero ser um profissional bom, mas o professor vive dizendo que não vamos ser nada... isso é triste”;
Por outro lado o professor quando questionado tem idéia diferente em relação ao comportamento de seus alunos.
Os professores reclamam que os alunos são mal educados, respondem muito, são indisciplinados, não sabem obedecer, não respeitam ninguém entre outras reclamações. É papel do orientador educacional refletir sobre esses depoimentos e junto com a comunidade escolar e a família buscar alternativas para solucionar ou pelo menos amenizar essas questões conflituosas.

1- Causas e efeitos da violência

Os efeitos e as causas da violência estão relacionados aos tipos e natureza em que ela se encontra. Conforme Fernández (2005, p. 25),
O fenômeno da violência transcende a mera conduta individual e se converte em um processo interpessoal, por afetar pelo menos dois protagonistas: aquele que a exerce e aquele que a sofre. Uma análise um pouco mais complexa, como veremos de imediato, permite-nos distinguir também um terceiro afetado: quem a contempla sem poder ou sem querer evitá-la.

Analisando o pensamento de Fernández observa-se que a violência envolve um cenário com diferentes atores. Este estudo, ainda, acrescenta além dos sujeitos mencionados pelo autor outros que está indiretamente envolvido como é o caso dos responsáveis por sua formação direta, no caso, a família. É o caso de se considerar os fenômenos psicológicos: conhecimento, afeto, emoções, valores surgem dentro das estruturas sociais e familiares. O jovem tem sua formação em diferentes aspectos e se um deles não for devidamente desenvolvido pode trazer como conseqüência para a necessidade não trabalhada uma causa de violência.
Hernández (2005, p. 29) diz que:
(...) cada sociedade atribui aos comportamentos de seus membros certos valores e significados que atravessam as próprias atribuições morais com que os indivíduos julgam os fatos. O conceito de violência também se submete aos valores e aos costumes sociais, o que não deixa de aumentar a confusão para localizar-se conceitualmente nesse assunto. O que para nós é perseguição, intimidação e destruição dos direitos humanos, pode ser considerado como ritual inofensivo por grupos sociais, nos quais, por princípios religiosos ou culturais, mulheres e homens, adultos e crianças, ricos e pobres não gozam dos mesmos direitos.

O pensamento do autor acima deixa claro que o fator social e familiar é uma das causas de violência. E que a formação dos valores e princípios de cada um são condição ímpar para a educação o que fará a diferença na forma de relação do indivíduo com a temática da violência.
A violência entre colegas é um fenômeno complexo que se apresenta visivelmente no contexto da convivência escolar. Isso se apresenta como fato rotineiro percebe-se que essa questão está entrelaçada em outros viéses que não é apenas o individual, mas parte de uma formação geral da educação da pessoa.
Na maior parte das vezes as desavenças entre colegas ocasionam um fenômeno muito presente no atual contexto escolar chamado “bullying” e que nem sempre é tratado pelos profissionais da educação com o respeito que merece. O próximo item será abordado este assunto.
O orientador neste contexto tem relevância primordial tanto na questão do aconselhamento como principalmente no acompanhamento. E, ainda, se verifica que esta não é uma preocupação apenas do orientador, mas um trabalho de equipe com o envolvimento da família.

2- Bullyng: modismo ou licenciosidade da escola

Inicialmente se falou que uma dos motivos de brigas entre colegas é o fenômeno “bullying”. Este tema na maior parte é ignorado pelos profissionais da educação ocasionando alterações comportamentais do aluno que sofre a agressão e em muitos casos se estende em toda vida do adulto trazendo seqüelas irreversíveis.
O “bully” é termo que vem do inglês que significa intimidar, tiranizar. Na maioria das vezes este fenômeno não se apresenta como uma forma de violência explícita e de alta periculosidade, todavia é uma agressividade menos ostensiva que é tolerada pela sociedade e pela escola.
Esse tipo de violência se expressa por meio de atitudes hostis repetitivas entre colegas da mesma sala de aula ou de classe diferente motivados por diferenças sociais, raciais, culturais, econômicas, sexuais e, até mesmo por características físicas.
São inúmeras as conseqüências desse tipo de agressão para quem sofre desse fenômeno tão complexo: baixa alta-estima, abandono da escola, isolamento da sociedade, chegando até tendência suicida. Logo se ver que este fenômeno não pode ser ignorado pelos profissionais da educação e nem pela família.
Aqueles que sofrem esse tipo agressão esperam ajuda do professor ou de outro colega que ele considera mais forte e quando isso não acontece à vítima pode entender que o fato ocorrido é aprovado pelo professor, escola e, até pela família acarretando gravidade na situação, pois geralmente o aluno passivo e indefeso possui distúrbios ou diferenças de comportamentos, tais como: complexo de inferioridade, deficiências ou anomalias físicas, mental, visual, auditiva e de fala, choro fácil, dificuldade de reagir à provocação, entre outros.
Outras formas de rejeição podem ser expressas em virtude da cor da pele, da situação financeira, da sexualidade, da etnia e religião. Cabe ao professor trabalhar esses dilemas no cotidiano da sala de aula utilizado as orientações dos parâmetros curriculares nacionais (PCN). Não esperar que essas questões se expressem, mas trabalhar com a profilaxia.
Por outro lado é importante que a família seja de imediatamente comunicada do fato e orientada psicologicamente para lidar com a situação. O professor deve ficar atento para as formas de expressão desse fenômeno. O agressor pode usar desse artifício não tendo a intenção de predicar o colega, mas tumultuar a aula tendo como objetivo agredir o professor.
Tiba (2006, p. 158) afirma que:
O bullying só é interrompido pela interferência de pessoas que tenham autoridade sobre seus participantes. O professor, ou o próprio diretor, deve interferir tornando o bullying passível de punição, e de trazer à tona esse mecanismo feito mais às escondidas que exposto à grande maioria, para que todos fiquem cientes e sejam mobilizados a interferir e interromper cada vez que perceberem intimidação, abuso, violência e\ou aterrorização.

Quando o professor enfrenta este fenômeno não está apenas tomando uma medida disciplinar, mas se expressando como cidadão crítico e consciente de seus deveres buscando qualidade de vida digna para todos tanto para o agredido como para o agressor. Dessa forma o agressor toma consciência da necessidade de conviver com o diferente e o agredido a lutar pela sua dignidade.
Na atual sociedade movida pela informação tecnológica apareceu outra forma de discriminação e agressão que é cyberbullying este como o próprio nome diz é o bullying praticado pela internet no qual se encontra facilmente nos sites de relacionamentos, MSN, blogs, fotologs, orkut. Nestes casos é imprescindível que os pais acompanhem com mais freqüência seus filhos, tornem-se mais presentes em seu dia a dia, conversem diariamente e saibam o que os filhos fazem na internet.
Conforme Tiba (2006, p. 159),

Uma vez detectada a existência do bullying, é preciso que os responsáveis, pais e professores, rastreiem a internet usada pelos alunos. Aqueles que fazem mau uso da ferramenta deveriam ser fortemente advertidos. A permanência nesse tipo de uso deveria fazê-los perder alguns outros privilégios bem como assumir a conseqüência de se retratarem através dos mesmos caminhos usados para a prática do bullying.

Pesquisam apontam que a falta de estrutura familiar prejudica o desempenho das crianças na escola. Algumas apresentam dificuldades de aprendizagem e outras chegam a ter comportamento extremamente agressivo e violento.
Os professores apontam como fatores mais preocupantes para o fenômeno da violência a falta de integração entre o ambiente familiar e o escolar. Essas duas instituições andam em descompasso ocasionando sérios problemas comportamentais e educacionais.
Chega-se ao entendimento que só é possível educação de qualidade quando escola e família estiverem juntas trabalhando de forma cooperativa caso contrário ficará cada vez mais evidente o descompasso educacional.

3- Violência X indisciplina

A violência e a indisciplina nas escolas brasileiras têm preocupado educadores e pesquisadores. Parte desse dilema está inserida nas questões de âmbito social e econômico. Nos últimos anos essa temática é protagonista de parte da realidade dos trabalhos na escola. Tem se expandido se renovando diariamente por todo cenário educacional. Mudam-se as formas, os tipos de agressões, mas não se encontram uma maneira adequada para acabar com essas questões que tanto inquietam os profissionais da educação quanto a família.
De acordo com Silva (2004, p. 113),
A indisciplina foi considerada a grande praga do final do século passado para a educação brasileira (XX) e a violência, o seu efeito mais nefasto. Infelizmente, o problema continua, e a tal ponto que passou a ser visto como produto de uma doença de nome pomposo chamada hiperatividade. Tanto é verdade que se ouve falar pouco em indisciplina e violência escolar. Na verdade, a moda agora é dizer que determinadas crianças e adolescentes são hiperativos. A situação, a meu ver, chega a ser preocupante que frequentemente pais têm sido chamados (quando não convocados) a comparecer à instituição em que seu filho estuda, a fim de escutar o veredicto da hiperatividade, e a solicitação de encaminhamento a neurologista e de emprego de medicamentos (o seu filho, afinal, deve ter algo na cabeça que o impede de ficar quieto em sala de aula, o faz bater nos colegas, xingar-me e agredir-me ‘a professora’).

O que se observa nas escolas é que este distúrbio tem sido o principal motivo de encaminhamento de crianças e jovens a profissionais especializados. E nota-se por outro lado que é usado para mascarar a falta de disciplina dos alunos na sala de aula.
Este texto não pretende analisar a hiperatividade apenas mencionar sua existência no contexto da escola. Quando o professor tem aluno que esse distúrbio precisa estar preparado para lidar com a situação. Não tarefa apenas do educador, mas também do orientador que terá que realizar um trabalho em parceria com a família.
Falando em violência e indisciplina nota-se que a questão é outra. Passa pela formação do ser humano, predisposição para desenvolvê-la, comportamento, meio em que vive e tantos outros aspectos. Em suma o orientador sozinho não tem condições de solucionar esse problema, contudo pode encontrar caminhos para amenizá-lo.

4- Análise dos elementos que contribuem para a presença da violência no contexto escolar


Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promove tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebe-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a temática violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar temática em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
No entanto, para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é neste espaço familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.
A violência nas escolas e no entorno social faz aparecer a lógica do prazer individualista na negação do outro, ameaçando os princípios reconhecidos internacionalmente pela educação dos quatro pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Dentre os conceitos relacionados à temática Violência no Contexto Escolar estão: família, aluno e docente. O aluno é o ator a quem se atribui, com freqüência, a responsabilidade pela violência na escola. No entanto, é possível reconhecer que a violência faz parte de um contexto muito mais amplo que é a própria sociedade da qual fazem parte outros atores: a família e o docente, como representantes legítimos da ação do contexto sócio-cultural sobre o aluno a que os sociólogos Bourdier e Passeron já sinalizaram como “violência simbólica”. Portanto, a partir da relação entre estes três elementos, é possível investigar sobre este problema. Crê-se, portanto, que tomando esta relação como objeto de investigação, pode-se chegar à compreensão deste problema que influencia as considerações feitas a respeito da violência no contexto escolar.
Aranha (2001, p. 189) citando Bourdier e Passeron sobre a violência simbólica afirma:
A escola constitui um instrumento de violência simbólica porque reproduz os privilégios existentes na sociedade, beneficiando os já socialmente favorecidos. O acesso à educação, o sucesso escolar, a possibilidade de escolaridade prolongada até a universidade estão reservados àqueles cujas famílias pertencem à classe dominante, ou seja, aos herdeiros de sistemas privilegiados. Não cabe à escola promover a democratização e possibilitar a ascensão social; ao contrário, ela reafirma os privilégios existentes. A escola limita-se a confirmar e reforçar um habitus de classe
Assim, propõe-se conhecer as causas e conseqüências da presença da violência no contexto social com o objetivo de compreendê-lo, para explicá-lo e posteriormente apontar possíveis formas de combatê-lo no âmbito escolar.
Para tanto, optou-se nesse estudo, um modelo epistemologicamente constituído de métodos e instrumentos que possam abarcar o fenômeno a ser estudado, tanto de forma qualitativa quanto de forma quantitativa por se considerar necessária a adoção de técnicas e instrumentos utilizados tanto para atender o perfil de um modelo quanto para atender o outro.

5- Considerações Finais

As considerações últimas destacam a contribuição da pesquisa para o município e, especialmente, para escola objeto de estudo.
Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promovem tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebeu-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar o tema em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
Para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é na realidade familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.

6- Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2. ed., São Paulo: Moderna, 2001.
Fernández, Isabel. Prevenção da violência e solução de conflitos. São Paulo: Madras, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 7. ed., São Paulo: UNESP, 2000.
SANTOS, Joana Gláucia. A Construção do conhecimento em bioética no processo de formação do educador. Dissertação de Mestrado, 2005
SÁTIRO, Angélica e WUENSCHE, Ana Míriam. Iniciação ao Filosofar. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 2000.
SILVA, Márcio Bolda da. Bioética e a questão da justificação moral. Porto Alegre-Rio Grande do Sul: EDIPUCRS, 2004.
TIBA, Içama. Disciplina limite na medida certa: novos paradigmas. 80. ed., são Paulo: Integrare, 2006.








Violência e Indisciplina na Educação: uma relação de poder


Joana Gláucia dos Santos

Resumo:
O presente texto trata-se de um estudo acerca da relação de poder no âmbito da escola e suas implicações nas questões de violência e indisciplina na sala de aula e fora dela. A investigação foi realizada em uma escola pública do município de Valparaíso de Goiás na qual o fenômeno da violência e da indisciplina é uma constante. Usou a técnica da observação para analisar o relacionamento entre aluno-aluno na hora do intervalo tendo como objetivo conhecer seus comportamentos. Foram distribuídos questionários com perguntas abertas e fechadas para coletar informações entre os alunos investigados e, ainda, entrevistas com os professores pretendendo conhecer a opinião dos mesmos sobre a questão temática.

Palavras-chave: violência; indisciplina; relação de poder.

Para falar em violência é ímpar refletir sobre fatores que estão envolto dessa temática no qual está o poder e a relação de poder. Esta relação que se dá entre os seres humanos e se expressa em diferentes faces muitas vezes simbólica ou até mesmo invisível. O poder pode se apresentar através de formas diferentes, tais como: palavra, gesto, imagem, atitude, ações entre outras.
Também pode se manifestar através do desejo de ser reconhecido pelo outro. E, para isso, muitas vezes lança mão de alguns recursos que são controláveis como a força física e a manipulação psicológica. Isso na maioria das vezes se expressa por meio de atitudes violentas. Sátiro e Wuensch (2000, p.287) citando Einstein,
A violência fascina os seres moralmente fracos. Um tirano vence por sua argúcia, mas seu sucessor será sempre rematado canalha. Por essa razão, luto sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza...
Quando a crença na onipotência da força física predomina na vida política, essa força adquire vida própria e demonstra ser mais forte do que os próprios homens que pensam usar a força como instrumento.
O poder não é solitário. Existe na relação com o outro. Manifestam-se através das relações sociais, políticas, econômicas, culturais e, até mesmo, numa relação privada entre amigos. É na relação de poder que o líder aparece e, conseqüentemente o comandado. Nessa relação pode emergir formas de violência. Nietzsche afirma que a vontade de poder era o princípio incessantemente ativo que rege o universo.
São vários os tipos de violência, todavia os que interessam nesse estudo são os que estão diretamente ligados ao cotidiano escolar. A indisciplina do aluno é considerada pelos pesquisadores da educação uma das maiores causas de violência na escola. Todavia são inúmeros tipos, tais como: relacionamento entre aluno-aluno, professor-aluno, brigas entre colegas, diversos tipos de drogas, bullying e ciberbillying dentre outros. O bullying será tratado em item à parte devido ser um tipo de violência muito presente no cotidiano da escola e que na maioria das vezes traz conseqüências desastrosas para a criança ou jovem e que vai perdurar por toda vida desse sujeito quando adulto.
De acordo com Santos (2008, p. 93),
Ensinar exige respeito à autonomia, à dignidade, à liberdade não apenas de seus alunos, mas de todos. Exige-se bom senso. O professor deve ser sensível aos problemas individuais e, principalmente as questões de interesse social. O educador só terá sensibilidade para despertar no educando a curiosidade e o desejo de mudanças se ele também for sensível a essas mudanças e não acreditar na ideologia fatalista utilizada pelo sistema dominante do poder político-educativo como instrumento de manipulação das mentes humanas. É papel do educador desmistificar isso e apresentar para seus alunos um olhar com possibilidades de se fazer a própria história, de se desmistificar que a vida já está predestinada e tudo o que acontece é por obra do destino.
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mas precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" a mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno", que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE,1996).
Embora sabendo que é difícil qualquer ação que venha de encontro com a ideologia fatalista, a esperança deve ser plantada. Freire (1996, p.81) "A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo". A esperança é uma disposição natural do ser humano, a desesperança, é que se adquire com experiências negativas e as frustrações elencadas ao longo da história individual de cada um.
Um indivíduo desesperançoso é um homem que não leva a sério sua condição de Ser e de vir a ser, e, portanto, é um profissional que não leva a serio sua formação, sua importância de se fazer história, é sem duvida um indivíduo frustrado e incompetente. Freire (1996) diz que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
Assim, o problema de relacionamento não se dá apenas entre aluno-aluno, mas também entre alunos e professores. Quando se analisa o relacionamento entre iguais é ímpar refletir sobre os diferentes tipos de personalidades, comportamentos, formas de educação, influência do lar, auto-estima dentre outros aspectos que se deve considerar.
Conforme Tiba (2006, p. 154),
A auto-estima permanece infantilizada. Alimenta-se bem apenas quando ganha algo; caso contrário, o príncipe sente-se desnutrido. Ao sentir-se desnutrido, o príncipe acostumou-se (e foi acostumando) a pedir que o alimentem. Ainda que tenha o alimento à mão, ele não se alimenta sozinho. Não se sente suficientemente forte para ser independente. Sua auto-estima precisa ser vivida.
Outro tipo de violência muito marcante é a causada por algum tipo de drogas. Ora se sabe que se a criança ou o jovem busca esse recurso já tem algum problema em sua vida. É evidente pelas pesquisas que uma criança não se envolve com drogas quando vem de uma família estruturada, equilibrada, que dá atenção necessária à formação de seu filho. Portanto é previsível que os alunos que se envolvem com drogas já tenham previamente algum problema seja ele de qualquer natureza.
Tiba (2006, p.167) afirma que:
Se o aluno chega drogado à sala de aula, é porque já está se drogando em casa ou está preste a fazê-lo. Se os pais ainda não perceberam a situação, pode ser que ele esteja utilizando a droga quando na há ninguém em casa, ou dentro do próprio quarto, a portas fechadas, escondido da família. Quando os adultos estão em casa, esses jovens “dão uma saída”, aparentemente sem motivo, e vão drogar-se a poucos metros dali.
É evidente que o professor vai perceber o estado em que seu aluno se encontra. Todavia necessita de auxílio de profissionais competentes para lidar com essa situação que terá por obrigação comunicar o fato à família. Essa situação pode trazer complicações no relacionamento entre professor e aluno. E isso pode ser uma causa inevitável de violência dentro da própria sala de aula.
Cabe ao professor lidar com os diferentes tipos de personalidades, diversidades de pensamentos, modos de compreender a vida de cada aluno seu e, principalmente com a auto-estima desse aluno seja ela alta ou baixa. No entanto observa-se que os professores não estão preparados para atender as expectativas do alunado.
Na pesquisa realizada para este estudo ficou explícito que o aluno sente falta de ser compreendido pela comunidade escolar, principalmente por seu professor. E, por isso, considera causa da indisciplina na sala de aula a falta de compreensão de seu mestre.
Há muita objetividade nos depoimentos dos alunos quando dizem:
- “Os professores não falam direito com a gente”;
- “Os professores gritam o tempo todo, pensa que somos surdos”;
- “Não podemos nos expressar em sala de aula, muitos professores fingem que não existimos”;
- “A professora não confiou que sou eu mesma que faço meus trabalhos, só porque converso muito nas aulas dela. As são muito chatas. Prefiro estudar sozinha”;
- “Não entendo porque nos exigem tanto conteúdo, já que não temos a menor chance de passar na UnB e não temos dinheiro para pagar a faculdade que queremos”;
- “Brigo mesmo. Não vou deixar ninguém pisar em mim”;
- “Quero ser um profissional bom, mas o professor vive dizendo que não vamos ser nada... isso é triste”;
Por outro lado o professor quando questionado tem idéia diferente em relação ao comportamento de seus alunos.
Os professores reclamam que os alunos são mal educados, respondem muito, são indisciplinados, não sabem obedecer, não respeitam ninguém entre outras reclamações. É papel do orientador educacional refletir sobre esses depoimentos e junto com a comunidade escolar e a família buscar alternativas para solucionar ou pelo menos amenizar essas questões conflituosas.

1- Causas e efeitos da violência

Os efeitos e as causas da violência estão relacionados aos tipos e natureza em que ela se encontra. Conforme Fernández (2005, p. 25),
O fenômeno da violência transcende a mera conduta individual e se converte em um processo interpessoal, por afetar pelo menos dois protagonistas: aquele que a exerce e aquele que a sofre. Uma análise um pouco mais complexa, como veremos de imediato, permite-nos distinguir também um terceiro afetado: quem a contempla sem poder ou sem querer evitá-la.

Analisando o pensamento de Fernández observa-se que a violência envolve um cenário com diferentes atores. Este estudo, ainda, acrescenta além dos sujeitos mencionados pelo autor outros que está indiretamente envolvido como é o caso dos responsáveis por sua formação direta, no caso, a família. É o caso de se considerar os fenômenos psicológicos: conhecimento, afeto, emoções, valores surgem dentro das estruturas sociais e familiares. O jovem tem sua formação em diferentes aspectos e se um deles não for devidamente desenvolvido pode trazer como conseqüência para a necessidade não trabalhada uma causa de violência.
Hernández (2005, p. 29) diz que:
(...) cada sociedade atribui aos comportamentos de seus membros certos valores e significados que atravessam as próprias atribuições morais com que os indivíduos julgam os fatos. O conceito de violência também se submete aos valores e aos costumes sociais, o que não deixa de aumentar a confusão para localizar-se conceitualmente nesse assunto. O que para nós é perseguição, intimidação e destruição dos direitos humanos, pode ser considerado como ritual inofensivo por grupos sociais, nos quais, por princípios religiosos ou culturais, mulheres e homens, adultos e crianças, ricos e pobres não gozam dos mesmos direitos.

O pensamento do autor acima deixa claro que o fator social e familiar é uma das causas de violência. E que a formação dos valores e princípios de cada um são condição ímpar para a educação o que fará a diferença na forma de relação do indivíduo com a temática da violência.
A violência entre colegas é um fenômeno complexo que se apresenta visivelmente no contexto da convivência escolar. Isso se apresenta como fato rotineiro percebe-se que essa questão está entrelaçada em outros viéses que não é apenas o individual, mas parte de uma formação geral da educação da pessoa.
Na maior parte das vezes as desavenças entre colegas ocasionam um fenômeno muito presente no atual contexto escolar chamado “bullying” e que nem sempre é tratado pelos profissionais da educação com o respeito que merece. O próximo item será abordado este assunto.
O orientador neste contexto tem relevância primordial tanto na questão do aconselhamento como principalmente no acompanhamento. E, ainda, se verifica que esta não é uma preocupação apenas do orientador, mas um trabalho de equipe com o envolvimento da família.

2- Bullyng: modismo ou licenciosidade da escola

Inicialmente se falou que uma dos motivos de brigas entre colegas é o fenômeno “bullying”. Este tema na maior parte é ignorado pelos profissionais da educação ocasionando alterações comportamentais do aluno que sofre a agressão e em muitos casos se estende em toda vida do adulto trazendo seqüelas irreversíveis.
O “bully” é termo que vem do inglês que significa intimidar, tiranizar. Na maioria das vezes este fenômeno não se apresenta como uma forma de violência explícita e de alta periculosidade, todavia é uma agressividade menos ostensiva que é tolerada pela sociedade e pela escola.
Esse tipo de violência se expressa por meio de atitudes hostis repetitivas entre colegas da mesma sala de aula ou de classe diferente motivados por diferenças sociais, raciais, culturais, econômicas, sexuais e, até mesmo por características físicas.
São inúmeras as conseqüências desse tipo de agressão para quem sofre desse fenômeno tão complexo: baixa alta-estima, abandono da escola, isolamento da sociedade, chegando até tendência suicida. Logo se ver que este fenômeno não pode ser ignorado pelos profissionais da educação e nem pela família.
Aqueles que sofrem esse tipo agressão esperam ajuda do professor ou de outro colega que ele considera mais forte e quando isso não acontece à vítima pode entender que o fato ocorrido é aprovado pelo professor, escola e, até pela família acarretando gravidade na situação, pois geralmente o aluno passivo e indefeso possui distúrbios ou diferenças de comportamentos, tais como: complexo de inferioridade, deficiências ou anomalias físicas, mental, visual, auditiva e de fala, choro fácil, dificuldade de reagir à provocação, entre outros.
Outras formas de rejeição podem ser expressas em virtude da cor da pele, da situação financeira, da sexualidade, da etnia e religião. Cabe ao professor trabalhar esses dilemas no cotidiano da sala de aula utilizado as orientações dos parâmetros curriculares nacionais (PCN). Não esperar que essas questões se expressem, mas trabalhar com a profilaxia.
Por outro lado é importante que a família seja de imediatamente comunicada do fato e orientada psicologicamente para lidar com a situação. O professor deve ficar atento para as formas de expressão desse fenômeno. O agressor pode usar desse artifício não tendo a intenção de predicar o colega, mas tumultuar a aula tendo como objetivo agredir o professor.
Tiba (2006, p. 158) afirma que:
O bullying só é interrompido pela interferência de pessoas que tenham autoridade sobre seus participantes. O professor, ou o próprio diretor, deve interferir tornando o bullying passível de punição, e de trazer à tona esse mecanismo feito mais às escondidas que exposto à grande maioria, para que todos fiquem cientes e sejam mobilizados a interferir e interromper cada vez que perceberem intimidação, abuso, violência e\ou aterrorização.

Quando o professor enfrenta este fenômeno não está apenas tomando uma medida disciplinar, mas se expressando como cidadão crítico e consciente de seus deveres buscando qualidade de vida digna para todos tanto para o agredido como para o agressor. Dessa forma o agressor toma consciência da necessidade de conviver com o diferente e o agredido a lutar pela sua dignidade.
Na atual sociedade movida pela informação tecnológica apareceu outra forma de discriminação e agressão que é cyberbullying este como o próprio nome diz é o bullying praticado pela internet no qual se encontra facilmente nos sites de relacionamentos, MSN, blogs, fotologs, orkut. Nestes casos é imprescindível que os pais acompanhem com mais freqüência seus filhos, tornem-se mais presentes em seu dia a dia, conversem diariamente e saibam o que os filhos fazem na internet.
Conforme Tiba (2006, p. 159),

Uma vez detectada a existência do bullying, é preciso que os responsáveis, pais e professores, rastreiem a internet usada pelos alunos. Aqueles que fazem mau uso da ferramenta deveriam ser fortemente advertidos. A permanência nesse tipo de uso deveria fazê-los perder alguns outros privilégios bem como assumir a conseqüência de se retratarem através dos mesmos caminhos usados para a prática do bullying.

Pesquisam apontam que a falta de estrutura familiar prejudica o desempenho das crianças na escola. Algumas apresentam dificuldades de aprendizagem e outras chegam a ter comportamento extremamente agressivo e violento.
Os professores apontam como fatores mais preocupantes para o fenômeno da violência a falta de integração entre o ambiente familiar e o escolar. Essas duas instituições andam em descompasso ocasionando sérios problemas comportamentais e educacionais.
Chega-se ao entendimento que só é possível educação de qualidade quando escola e família estiverem juntas trabalhando de forma cooperativa caso contrário ficará cada vez mais evidente o descompasso educacional.

3- Violência X indisciplina

A violência e a indisciplina nas escolas brasileiras têm preocupado educadores e pesquisadores. Parte desse dilema está inserida nas questões de âmbito social e econômico. Nos últimos anos essa temática é protagonista de parte da realidade dos trabalhos na escola. Tem se expandido se renovando diariamente por todo cenário educacional. Mudam-se as formas, os tipos de agressões, mas não se encontram uma maneira adequada para acabar com essas questões que tanto inquietam os profissionais da educação quanto a família.
De acordo com Silva (2004, p. 113),
A indisciplina foi considerada a grande praga do final do século passado para a educação brasileira (XX) e a violência, o seu efeito mais nefasto. Infelizmente, o problema continua, e a tal ponto que passou a ser visto como produto de uma doença de nome pomposo chamada hiperatividade. Tanto é verdade que se ouve falar pouco em indisciplina e violência escolar. Na verdade, a moda agora é dizer que determinadas crianças e adolescentes são hiperativos. A situação, a meu ver, chega a ser preocupante que frequentemente pais têm sido chamados (quando não convocados) a comparecer à instituição em que seu filho estuda, a fim de escutar o veredicto da hiperatividade, e a solicitação de encaminhamento a neurologista e de emprego de medicamentos (o seu filho, afinal, deve ter algo na cabeça que o impede de ficar quieto em sala de aula, o faz bater nos colegas, xingar-me e agredir-me ‘a professora’).

O que se observa nas escolas é que este distúrbio tem sido o principal motivo de encaminhamento de crianças e jovens a profissionais especializados. E nota-se por outro lado que é usado para mascarar a falta de disciplina dos alunos na sala de aula.
Este texto não pretende analisar a hiperatividade apenas mencionar sua existência no contexto da escola. Quando o professor tem aluno que esse distúrbio precisa estar preparado para lidar com a situação. Não tarefa apenas do educador, mas também do orientador que terá que realizar um trabalho em parceria com a família.
Falando em violência e indisciplina nota-se que a questão é outra. Passa pela formação do ser humano, predisposição para desenvolvê-la, comportamento, meio em que vive e tantos outros aspectos. Em suma o orientador sozinho não tem condições de solucionar esse problema, contudo pode encontrar caminhos para amenizá-lo.

4- Análise dos elementos que contribuem para a presença da violência no contexto escolar


Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promove tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebe-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a temática violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar temática em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
No entanto, para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é neste espaço familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.
A violência nas escolas e no entorno social faz aparecer a lógica do prazer individualista na negação do outro, ameaçando os princípios reconhecidos internacionalmente pela educação dos quatro pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Dentre os conceitos relacionados à temática Violência no Contexto Escolar estão: família, aluno e docente. O aluno é o ator a quem se atribui, com freqüência, a responsabilidade pela violência na escola. No entanto, é possível reconhecer que a violência faz parte de um contexto muito mais amplo que é a própria sociedade da qual fazem parte outros atores: a família e o docente, como representantes legítimos da ação do contexto sócio-cultural sobre o aluno a que os sociólogos Bourdier e Passeron já sinalizaram como “violência simbólica”. Portanto, a partir da relação entre estes três elementos, é possível investigar sobre este problema. Crê-se, portanto, que tomando esta relação como objeto de investigação, pode-se chegar à compreensão deste problema que influencia as considerações feitas a respeito da violência no contexto escolar.
Aranha (2001, p. 189) citando Bourdier e Passeron sobre a violência simbólica afirma:
A escola constitui um instrumento de violência simbólica porque reproduz os privilégios existentes na sociedade, beneficiando os já socialmente favorecidos. O acesso à educação, o sucesso escolar, a possibilidade de escolaridade prolongada até a universidade estão reservados àqueles cujas famílias pertencem à classe dominante, ou seja, aos herdeiros de sistemas privilegiados. Não cabe à escola promover a democratização e possibilitar a ascensão social; ao contrário, ela reafirma os privilégios existentes. A escola limita-se a confirmar e reforçar um habitus de classe
Assim, propõe-se conhecer as causas e conseqüências da presença da violência no contexto social com o objetivo de compreendê-lo, para explicá-lo e posteriormente apontar possíveis formas de combatê-lo no âmbito escolar.
Para tanto, optou-se nesse estudo, um modelo epistemologicamente constituído de métodos e instrumentos que possam abarcar o fenômeno a ser estudado, tanto de forma qualitativa quanto de forma quantitativa por se considerar necessária a adoção de técnicas e instrumentos utilizados tanto para atender o perfil de um modelo quanto para atender o outro.

5- Considerações Finais

As considerações últimas destacam a contribuição da pesquisa para o município e, especialmente, para escola objeto de estudo.
Todo e qualquer esforço no sentido de entender ou identificar as razões que promovem tamanha violência nas escolas, passa necessariamente por uma análise conjuntural da sociedade onde a escola está inserida, prioritariamente no tocante aos aspectos históricos, econômicos, culturais, pedagógicos sendo estes os constituintes de toda a base da matriz geradora de todos os conflitos, disparidades, interesses conflitantes e todo o tipo de agressões a que estão submetidos os agentes no processo de fazer educação.
A presença da violência nas escolas atinge atualmente, tanto escolas públicas como escolas privadas, mudando apenas as formas para enfrentar esses desafios, que variam de uma realidade para outra.
Percebeu-se nesse contexto atual da sociedade, a urgência de pesquisas voltadas para a violência no ambiente escolar. Tendo como objetivo encontrar meios para minimizar o tema em questão. Cabendo a toda comunidade escolar o desafio de rastrear as cenas constitutivas da violência e os efeitos que são presenciados para que sejam identificados os dispositivos de poder inerentes a elas e para que sejam construídas estratégias de superação da violência com ações voltadas para uma cultura de paz.
Para refletir sobre violência no meio escolar, há necessidade de levar em conta também as diferentes configurações e espaços familiares nos quais os alunos estão inseridos, pois, é na realidade familiar que as relações são bem demarcadas através da violência reproduzida nesse espaço, que determina a falta de limites, o desrespeito e o desamor.

6- Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2. ed., São Paulo: Moderna, 2001.
Fernández, Isabel. Prevenção da violência e solução de conflitos. São Paulo: Madras, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 7. ed., São Paulo: UNESP, 2000.
SANTOS, Joana Gláucia. A Construção do conhecimento em bioética no processo de formação do educador. Dissertação de Mestrado, 2005
SÁTIRO, Angélica e WUENSCHE, Ana Míriam. Iniciação ao Filosofar. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 2000.
SILVA, Márcio Bolda da. Bioética e a questão da justificação moral. Porto Alegre-Rio Grande do Sul: EDIPUCRS, 2004.
TIBA, Içama. Disciplina limite na medida certa: novos paradigmas. 80. ed., são Paulo: Integrare, 2006.

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