quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A leitura formando leitores críticos

A leitura formando leitores críticos

Cristiane Luiz de Lima Gonçalves

Indaiana Cristine Oliveira de Melo Laquis

Marcos Aparecido Coelho Andrade

Potira Coelho Carvalho

Joana Gláucia dos Santos
Resumo
A investigação que propomos apresentar desenvolveu-se em torno das competências de leitura, compreensão e escrita no desenvolvimento dos mecanismos construtores para formação de escritores críticos e em torno dos processos de produção de sentidos, a partir de atividades de leitura desenvolvida pelos professores em sala de aula e resultados obtidos. Apresentando algumas formas de leitura existente no meio social e sua importância para a vida do homem, entende-se que este é um tema muito amplo, portanto nossa pesquisa não esgota o assunto; é apenas uma pequena amostragem de como a leitura pode ser vista em outra ótica.


Palavras-chave: Leitura, crítica e autonomia.

1. Introdução

O presente estudo é de cunho bibliográfico no propósito de pesquisar acerca da importância da leitura, a qual é de extrema necessidade para o cotidiano humano, para tanto baseou-se em alguns teóricos da área, com o objetivo de investigar os mecanismos construtores para formação de escritores críticos.
Através das reflexões expostas pelos teóricos acerca da leitura existem vários conceitos sobre leitura. A leitura como um ato mecânico de decodificação é o mais presente na concepção social ao longo dos tempos é a que se encontra registrada em todos os dicionários, porém estudiosos do assunto apresentam outros conceitos, dos quais se acredita serem os mais viáveis para apreensão de conhecimentos dentro de sala de aula. Aprende-se ainda com os teóricos que a leitura ocupa um espaço importante tanto no ensino da língua portuguesa, quanto no de todas as disciplinas acadêmicas, com o intuito de transmitir a cultura e os valores para gerações.

2. A importância da leitura e a formação de sujeitos

Nos tempos primitivos, os homens das cavernas faziam textos e leituras no momento em que desenhavam suas histórias nas paredes das cavernas. E hoje não é muito diferente disso, produzimos a partir de conhecimentos e habilidades inseridas no nosso meio. O ser humano sente necessidade de buscar respostas para perguntas ainda não respondidas, utilizam o senso comum, recicla saberes muito mais especializados e os reproduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão-de-mundo (BERTOLOTTO,1998).
Conforme os PCN (1998, p. 17) “Ler é por em jogo tudo o que sabe para descobrir o que não sabe”. Entende-se que ler é imprescindível para a vida do ser humano, tudo o que realizamos se faz através de leitura. Nas ruas, respeitamos regras e sinalizações que decodificamos e entendemos a partir da leitura de conhecimentos prévios. Nas lojas ou supermercados, precisa-se ler para saber qual o melhor preço, se a mercadoria está em perfeitas condições de uso, quais seus nutrientes, se não está vencida entre outros. A leitura é indispensável para o dia a dia.
Lamentavelmente o brasileiro não tem o hábito de leitura ou quando lê somente faz leituras insuficientes para seu desenvolvimento intelectual, que muitos professores letrados ao dizer “Ah! Pelo menos ele lê”, como se isso fosse o valor absoluto além da alfabetização. Mas, é igualmente ingênuo atribuir essa escassez ao vergonhoso analfabetismo no país e/ou a pobreza o que afinal livro é caro. Muitas pessoas que podem ler lêem pouco isto se dá ao descaso generalizado com a leitura, pois não lêem simplesmente por que não têm disposição para a mesma.
Uma prova disso é o exemplo a seguir, o Japão possui uma língua escrita ideográfica bem mais difícil que a do Brasil, e eles lêem sempre para não esquecer a escrita que aprenderam. Com a mesma população brasileira o Japão edita 70 milhões de exemplares de jornais escritos, enquanto o Brasil não chega a 5 milhões. Observa-se então, que ler é um processo cuja condição primordial é a própria prática da leitura.
Nas escolas públicas a principal queixa dos professores é que seus alunos não gostam de ler, porém poucos educadores estimulam seus alunos a criarem esse hábito. Os professores querem um retorno em relação à leitura, mas não criam nisso uma relação de interação, muitos deles não possuem o hábito de ler, não criam em suas aulas, situações que valorizem a leitura e querem que seus alunos leiam. A escola tradicionalmente é a responsável para a formação de cidadãos leitores, mas infelizmente não está levando essa tarefa a sério.
Questionando internamente esse fato, fica a pergunta: O que seria esse “saber ler”? Seria considerar como legítima apenas a leitura de livros? É importante evidenciar que não se trata de menosprezar a leitura de livros, porém é interessante considerar outras possibilidades de leitura.
Piza (1998, p. 20) afirma que:
Para ser integrante de uma sociedade, o indivíduo necessita de um mínimo de leitura, por exemplo: atitudes como pegar um ônibus, encontrar uma rua, fazer compras, deslocar-se de uma cidade para outra, operar um caixa eletrônico ou simplesmente atravessar uma rua, pressupõe-se possuir a habilidade de leitura.

Resta indagar a esses mestres, o que eles entendem por leitura ou, ainda, de que tipos de leitura estão reclamando, talvez precisem admitir outras possibilidades, outros gestos, outros suportes enfim.
Em síntese, os conceitos de leitura são muitos e variam conforme as perspectivas teóricas e seus campos de atuação, dentre os inúmeros envolvidos no assunto. Portanto, para aqueles que consideram a leitura como ato de decodificar sinais gráficos, ou seja, um ato mecânico, a leitura poderá se tornar uma prática sem vida e sem alma. Mas, se em vez disso considerar como leitura suas experiências e vivências, a leitura se tornará uma prática muito mais ampla e viva, na qual o pulsar das informações baterá no mesmo ritmo das emoções, sendo a leitura uma experiência individual sem marcações de limites, não depende somente da decifração de sinais gráficos, mas, sim, de todo o contexto ligado à experiência de vida de cada ser, para que este possa relacionar seus conceitos prévios com o conteúdo do texto e, assim, construir o sentido.
Para o autor francês Bellenger citado por Bertolotto (1998 ) a leitura se baseia no desejo, ou seja, esse é o primeiro passo para que seja um bom leitor, pois é através desse desejo que posteriormente se transforma esse desejo em prazer.
O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, conseqüentemente, a formação de escritores, (não se trata de formar escritores no sentido de profissionais da escrita e sim de pessoas capazes de escrever com eficácia). A leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever.

3. Diferentes formas de leituras

Existem várias formas de leitura, há pessoas que lêem muito, mas em sua vida nada se transforma. Muitas vezes lêem simplesmente de forma mecânica. Outras pessoas lêem de forma reflexiva, fazem à leitura como se estivessem comendo algo, mascam, ruminam, não gostam, devolvem, brigam com o texto, possuem uma postura crítica diante do que lêem. Depois do texto lido e digerido, passa a fazer parte da vida delas. Para ler é necessário ir e voltar, do texto a nós mesmos, até interiorizá-lo, e que, finalmente, faça parte de nós.
Lemos buscando informação e cultura, mas acima de tudo, deve-se buscar na leitura a prática para que haja uma contínua alfabetização. Como também, para que não se perca a habilidade de manipular e entender as palavras, assim como o exemplo do Japão anteriormente citado.
Afinal, como o leitor deve ler? Mecanicamente, passivamente ou de maneira ativa, reflexiva e crítica? Será que acumula apenas os dados e as informações, ou integra o lido ao vivido? São questionamentos que devem ser direcionados a reflexão de cada leitor no intuito de levá-los a se tornarem escritores críticos. Entende-se que a apreensão da escrita se dá a partir do conhecimento das letras, por isso leitura não é somente ler ou decodificar, mas entender o contexto.

4. Considerações finais

Diante dos questionamentos e reflexões expostas percebe-se a grande necessidade de trabalhar a leitura não somente nas escolas, para as crianças, mas em toda a sociedade. Partindo do ponto de vista de que para vivermos em sociedade precisamos nos comunicar uns com os outros surge a necessidade do hábito de ler e consequentemente da escrita.
Outro ponto de relevância é a importância que os acadêmicos devem dar a leitura como forma de construir, não só, verdadeiros escritores críticos, como também estudantes criativos. A pesquisa não fica por aí, vai muito além, chama a atenção para a necessidade da formação de leitores autônomos, capazes de avançar em todas as áreas interdisciplinares da educação.

5. Referências
BERTOLOTTO, Nelita. A Interlocução na Sala de Aula. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
KOCK, Ingedore Grunfeld Villaça. Texto e Coerência. São Paulo: Cortez, 1999.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. - 2 ed., Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
PIZA, Daniel. Como Ler Textos. Folha net, Araçauba-São Paulo,1998.

Nenhum comentário:

Postar um comentário