terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O ensino da Bioética na perspectiva de uma educação problematizadora

O ensino da Bioética na perspectiva de uma educação problematizadora

Joana Gláucia dos Santos

Resumo
Só é possível haver mudanças no processo de educação partindo-se da necessidade transformar atitudes do profissional da educação no exercício de suas práticas no cotidiano da sala de aula. A escola, todavia, não está preparada para utilizar esses meios que na maioria das vezes só dependem da criatividade, do grau de conscientização e do compromisso do professor. A Bioética é um campo da ética que se insere nas questões de conflitos morais e está alicerçada nas áreas da biomedicina e do direito.

Palavras-chave: Bioética, educação problematizadora, ensino.

O ensino da Bioética é essencial desde as séries iniciais, pois a construção desse conhecimento ajuda na formação da personalidade e no caráter do ser humano. A Bioética oferece mais uma oportunidade à escola de desenvolver esses aspectos fundamentais para formação do Ser humano.
O educador, respaldado em conhecimento ético-bioético, não tem que seguir discurso otimista ou pessimista dessa problemática, porém necessita refletir sobre a urgência da ética para reencontrar seu espaço no âmago da sociedade.
Só é possível haver mudanças no processo de educação partindo-se da necessidade transformar atitudes do profissional da educação no exercício de suas práticas no cotidiano da sala de aula.
A Pedagogia da Indignação de Freire (2000, p.43) afirma que:
Uma das primordiais tarefas da pedagogia crítica radical libertadora é trabalhar a legitimidade do sonho ético-polítco da superação da realidade injusta. É trabalhar a genuidade desta luta e a possibilidade de mudar, vale dizer, é trabalhar contra a força da ideologia fatalista dominante, que estimula a imobilidade dos oprimidos e sua acomodação à realidade injusta, necessária ao movimento dos dominadores. É defender uma prática docente em que o ensino rigoroso dos conteúdos jamais se faça de forma fria, mecânica e mentirosamente neutra.
A educação para Bioética deverá preparar o educando para conhecer e refletir sobre seu próprio ato de conhecer. Isso vai de encontro com a escola oficial que tem como padrão, ainda muito presente, o processo de repetição e de memorização exigindo do aluno posicionamento de agente social, comprometido com economia neoliberal e com questões de sobrevivência e da transferência da cultura e das normas morais.
A escola, todavia, não está preparada para utilizar esses meios que na maioria das vezes só dependem da criatividade, do grau de conscientização e do compromisso do professor. A Bioética é um campo da ética que se insere nas questões de conflitos morais e está alicerçada nas áreas da biomedicina e do direito. Isto porque as discussões das questões conflituais partem da sua realidade.
A Bioética nasceu da preocupação de zelar pela vida humana. O campo de pesquisa em bioética se concentra nos conflitos e nos problemas que surgem com o avanço e intervenção das ciências. Com isto, em termos gerais, a bioética tem necessidades de associar essas ciências com a ética.
Acredita-se, porém que as pessoas que estão direta ou indiretamente ligados à formação do ser, os intelectuais, os profissionais da saúde e tantos outros não devem se abster da discussão e reflexão bioética.
É na escola que de forma essencial e prática que a problemática bioética se apresenta. É uma postura ética mais voltada para a natureza prática da pessoa da sociedade como um todo.
A escola deve ter este papel. É preciso despertar a consciência de todos para os problemas cotidianos, como também para questões mais complexas como é o caso da saúde do planeta. O que se ver na realidade da escola é que há pouco interesse em lidar com este assunto. Isto acontece pela falta de preparo do professor. O Estado não tem como prioridade a formação do professor.
Percebe-se neste contexto que os cursos de formação de professores precisam estar mais voltados para discussão ética do profissional da educação. Conforme Freire (2001, p. 65),
É essencial criar uma situação na qual futuros professores e professoras possam envolver-se numa discussão significativa sobre ética da educação. Não é penas conhecendo uma teoria do oprimido com suas várias e múltiplas identidades; é necessário também saber como se posicionar- eticamente- cara a cara com as identidades múltiplas e estratificadas geradas pela história da opressão.
A construção do conhecimento em Bioética emerge da idéia de articular a formação pessoal (desenvolvimento da personalidade) e social (exercício da cidadania), a postura de cada um na sociedade, a responsabilidade de fazer um mundo melhor.

Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17.ed., Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1983.
__________ . Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos.
São Paulo: Unesp, 2000.

__________ . Pedagogia dos Sonhos possíveis. São Paulo: Unesp, 2001.

Um comentário:

  1. Nossa como é legal essa bioética. Os professores precisam mesmo conhecê-la.

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