quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A linguagem do século XXI: o desafio de ensinar no século XXI e a fragilidade dos modelos de ensino

A linguagem do século XXI: o desafio de ensinar no século XXI e a fragilidade dos modelos de ensino

Maria Aparecida da Silva

Selma Maria da Silva Oliveira

Joana Gláucia dos Santos
Resumo
Este trabalho apresenta os elementos que preocupam professores de língua portuguesa com relação à norma culta e sua utilização em sala de aula e no cotidiano. No mundo virtual o aluno lança mão da Internet e de vários outros recursos tecnológicos que facilitam sua comunicação. As orientações, aqui presentes buscam elucidar a insegurança dos professores quanto ao desafio de ensinar no século XXI e a fragilidade do modelo de ensino, já ultrapassado, diante dos novos desafios proporcionados pela modernidade, bem como a utilização da gramática e sua capacidade de padronizar o ensino da língua sem a flexibilidade necessária para enfrentar o avanço tecnológico que constitui a nova era da comunicação no mundo atual e exclui àqueles que não se renderam à tecnologia da informação.
Palavras-chave: Linguagem, Internet, Comunicação.

Introdução

Dentre as novas tecnologias surgidas nos últimos anos a internet tem ocupado papel de destaque no que tange à comunicação, em todos os seus aspectos. A facilidade pela qual a rede mundial de computadores proporciona às pessoas se comunicarem ultrapassa todos os outros gêneros textuais até então conhecidos.
Em meio a essa mola propulsora de comunicação, os jovens agem como catalisadores desse novo processo de interação humana. Segundo pesquisa realizada na União Européia em meados de 2002, os jovens correspondem a 62% dos usuários da Internet (Investigação realizada pelo Instituto de Estudos Jornalísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra de Portugal).
De acordo com outra pesquisa realizada pela Fundação Telefônica, em 2008, o Brasil se destaca por ter jovens que não só navegam como também produzem conteúdo na internet por meio de página web ou blogs (de cada dez estudantes, dois possuem site ou blog). A pesquisa também mostra que 46% dos estudantes não têm mediadores, acompanhamento de pais ou professores no uso da internet (Pesquisa realizada pela Fundação Telefônica, através do colaborador brasileiro Christian Marra do Instituto Internacional de Ciências Sociais).
Ainda segundo a mesma pesquisa, um em cada dois estudantes brasileiros diz que nenhum professor utiliza a internet para explicar matéria ou estimula o uso da rede. Dessa forma, os jovens à revelia desenvolveram metodologias próprias de pesquisa e navegação, criando um paralelo entre a linguagem formal e a informal.
Esses estudos apontam ainda que o Brasil é o país onde a localização do computador no quarto dos filhos é mais freqüente, existe um computador em 38% dos quartos das crianças, e em quase um de cada dois quartos dos adolescentes (44%). E que o nosso país está em primeiro lugar quanto à penetração de internet nas casas dos jovens.
Os adolescentes brasileiros estão em uma boa posição para enfrentar os desafios propostos pela sociedade da informação. Estes adolescentes têm acesso à rede mundial de computadores em casa, de um modo significativamente superior aos demais. A internet, então, proporciona aos jovens a possibilidade de criarem novas amizades, comunicarem-se, pesquisarem trabalhos escolares, além de outros mecanismos de entretenimento.


1. A internet como instrumento social

A Internet, então, teria propiciado o ressurgimento dos lugares de prazer e convívio, num momento onde a violência passa a existir como um problema social. Esta reação ao individualismo fixado pelo mundo moderno retornou ao anseio grupal e auxiliou as comunidades humanas em sua interação. Observa-se, portanto, uma nova forma de estabelecer laços sociais, de reunir pessoas sob a forma de uma comunidade.
Essa alteração nos meios de comunicação derruba o paradigma geográfico das interações e aproxima as pessoas sem levar em consideração o seu nível social e econômico de forma rápida e inovadora. Para tanto o professor deve estar atento a essa forma de comunicação e buscar nela uma aliada no seu cotidiano.
Mas para comunicar-se com mais rapidez, através da Internet, os jovens criaram novas formas de linguagem. A simplificação informal da escrita tem ameaçado a escrita culta da Língua Portuguesa, pois versa numa compilação de caracteres alfanuméricos que consiste na redução de letras das palavras.
A linguagem típica usada para se comunicar na Internet busca ser rápida e compreensiva, embora não adote os padrões da língua formal. Para os jovens o mais importante quando se está conversando virtualmente é se fazer entender de forma rápida. Todavia, a linguagem informal utilizada, ou “internes”, saiu das telas e teclados e passou a figurar no cotidiano das pessoas como, por exemplo, nos grupos sociais, nas conversas entre os amigos e, inclusive, nas escolas. A escola não deverá ficar à margem desse meio de comunicação.
Essa inovação na maneira de comunicação prenuncia a destruição da norma culta junto aos jovens e cria uma barreira de influência mútua com os docentes. Os professores devem saber impor limites, pois os textos podem ser escritos com esta nova linguagem, que normalmente ocorre em conversas informais entre amigos ou na hora de colher alguma informação para posteriormente elaborar um relatório ou mesmo um texto científico, que deve ser escrito formalmente. Nesse sentido, é imprescindível saber diferenciar os momentos em que se usam essas variações lingüísticas.
As preocupações com esta nova maneira de comunicação abrangem os jovens que apresentam dificuldades de leitura, grafia, soletração, da pouca habilidade de desenhar e reconhecer formas. A aprendizagem dos jovens passa a prejudicar-se com uma avaliação não muito favorável no ambiente escolar, que geralmente está atrasado em relação à Internet (ambiente virtual).

2. A internet e novo desafio da aprendizagem
As escolas ainda preservam a maneira tradicional de ensino, ao menos em suas metodologias de aprendizagem. Isto posto, o jovem fica dividido entre esse dois ambientes: escolar e virtual. A situação piora no sentido de que as palavras de um ambiente diferem-se do outro. Apesar do ambiente virtual prevalecer à linguagem informal, as escolas ainda sustentam a linguagem formal que na maioria das vezes é menos atrativa ao gosto do jovem.
Os professores tradicionais de língua portuguesa ainda resistem a essa nova perspectiva de comunicação e não aceitam a escrita dos jovens quando usam abusos e abreviações excessivas que aprenderam na Internet. Os jovens, por sua vez, também enfrentam este dilema, pois na Internet, os mesmos têm que adotar a “linguagem comum” do internauta.
Este conflito tem gerado desgastes em ambas as partes e até mesmo a exclusão em seus textos, ora na escola, ora na Internet. Esta é, portanto, uma situação nova que necessita de estudos aprofundados, interação e posterior aceitação entre os pais e professores.
Considerações Finais
Sendo assim, a Internet ocasionou novos desafios pedagógicos aos professores. Como a rede mundial de computadores progride em velocidade extraordinária, o atual modelo de ensino-aprendizagem não conseguirá deter este avanço. Logo, é fundamental que escolas estejam bem preparadas para enfrentar esse certame por meio de uma reengenharia do processo educacional e uma nova orientação e definição no que toca a entrada das novas ferramentas de comunicação na aprendizagem da língua portuguesa.
A moldagem das novas identidades socioculturais pelos recursos tecnológicos recentes introduz o professor no surgimento de um novo paradigma: cabe ao educador preparar o educando para usar criticamente e de maneira adequada, as diversas formas de linguagens.
As novas formas de escrita, em especial as utilizadas na Internet, transforma-se num recurso didático, sendo mais oportuno para o professor trabalhar a linguagem formal e informal em sala de aula, por meio de exemplos práticos, sendo competência do educador frisar que a norma culta sobrepõe-se ao coloquialismo da web e inteirar-se da linguagem informal adotada pelos jovens para contribuir com a expansão da comunicação.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ABRANTES, José Carlos. Os jovens e a internet: representação, utilização, apropriação. Coimbra-Portugal, 2002.
RECUERO, Raquel da Cunha. A internet e a nova revolução na comunicação mundial. Porto Alegre-RS, 2000.
SALA, Xavier Bringué e CHALEZQUER, Charo Sádaba ( ET AL). A geração interativa na íbero-américa: crianças e adolescentes diante das telas. São Paulo, 2008.

2 comentários:

  1. O educador na atual sociedade tem diversos desafios, mas um deles é a linguagem. A escola ao meu ver não está preparada para falar a língua dos jovens e isso torna-se um barreira no processo ensino-aprendizagem.

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  2. Este artigo mostra a preocupação das professoras com a linguagem na escola. É importante que os educadores pensem em falar com os jovens de maneira que haja entendimento.

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